Posse do Presidente Benedito Cabral

A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.

Posse Novos Acadêmicos

Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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terça-feira, 19 de abril de 2016

O SUFOCADO GRITO DA INCONFIDÊNCIA

Erasmo Figueira Chaves



Falta de fé ? Fidelidade? Ou arrojada vontade a criar civilidade?
Eram os ares do novo mundo
a que já nenhum poder podia mais corromper ! .  .  .
Foram ilusões, certezas, insanas lutas,
longos e maquinados sonhos de grandeza
e liberdade, aspirações sinceras, emulação  ou puras  ilações, visões proféticas a sugerir novas nações ? .  .  .
Foram valores, valores, valores sim, caldeados enfim  em bolores  e fulgores de angustiada , infinita e ansiada espera ,
germinados sigilosa e  sub-repticiamente em cadinho
de horrores indescritíveis, deglutidos no burburinho de vozes, de cheiros fortes e odores brotando espontâneos de poros e suores de gente colorida,
mesclada, sofrida, brutalmente hostilizada e ferida no mais íntimo , ínfimo e magno valor ou virtude, insultada no seu ego natural  e na massa musculosa e forte submetida ao tronco e grilhões, da senzala. Dores morais, imorais, sutis, dores físicas, frias, finais, febrís, reais, intermináveis. Dores incríveis, mitigadas apenas na bondade da fé, no olhar carinhoso e conformado da mãe preta, voz lacrimosa, entoação dolente, olhos na cruz sacrificiante, suplicantes à
gratidão de poucos justos e de alguns “inconfidentes”, na ilusão de lealdade a ideais  ou  esperanças ao  perdão da própria culpa, culpa de não saber de que culpa se culpavam.  E a derrama? A frustração ao saber que a derrama já não se derramaria e o sofrido povo  não se levantaria  .  .  .
Foram chicotadas e chicotadas de chicotes, crueldade  trespassando carnes  e respingando sangues sobre olhares e faces hirtas,  de olhos esbugalhados, incrédulos, corações exaltados a desgarrar-se sem atinar ao certo se era dantesco castigo aberto à alma sofredora, - tão perto de outras almas gêmeas compungidas a repelir no íntimo essa barbárie e a testemunhar silenciosa ou  em névoa de lágrimas, gritantemente ao vivo, ou ainda em contrito  segredo, o indizível, - ou postigo a trancar para sempre consigo aspirações da mente, da alma e corações libertos? Se a única  aceite e indiscutível verdade era a do dono,  senhor dos corpos, dos metais  e consciências, a fazer das aparências o gáudio de suas Excelentíssimas Excelências , não restava mais o mínimo de nada , que o grito cristalino, belo e glorioso da Inconfidência , arrancado tão bravamente à carne e alma dos oprimidos que sofrem e clamam desde sempre ao infinito:
“LIBERTAS QUAE SERA TAMEN”  
                                                                    
  21 DE ABRIL DE 1999