Posse do Presidente Benedito Cabral

A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.

Posse Novos Acadêmicos

Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Aristóteles

Gildo Raldi


Aristóteles era o mais importante discípulo de Platão. Representa o aspecto científico da Academia platônica. Platão era simultaneamente poeta e pensador – Aristóteles é o tipo autêntico do homem de ciência. Mas falta-lhe a imaginação do seu grande mestre, o poder que este tinha de pensar com símbolos e de oferecer aos seus leitores um prazer puramente artístico. Aristóteles é uma natureza seca, abstrata, mas possui a profundidade, a minúcia e o juízo cuidadosamente ponderado doa autêntico sábio. No entanto, também se pode descobrir em Aristóteles alguma coisa da ironia e do humor de Sócrates, mesmo quando endurece até a sátira. Deste modo, atribui-se-lhe a seguinte frase: “Os Atenienses descobriram duas coisas: a agricultura e a redação das leis. Vivem do trabalho da terra, mas deixam as leis sem emprego.” O pensamento de Aristóteles é analítico: divide tudo nas suas partes constituintes, enquanto Platão toma sempre como ponto de partida a imagem completa. O pensamento de Aristóteles está para o pensamento platônico como uma estampa anatômica está para silhueta de um homem vivo.
Aristóteles tinha 17 anos quando se tornou aluno de Platão isto ocorreu em 637 e durante vinte anos, até a morte do mestre, pertenceu à Academia.
Cinco anos depois da morte de Platão, o sei Felipe da Macedônia convidou Aristóteles para preceptor do príncipe Alexandre, então com a idade de 13 anos. Assim, durante dois anos, o grande filósofo pode exercer influência sobre o excepcional jovem a quem a posteridade ia pôr o nome de Grande. O jovem príncipe revelou desde muito cedo um verdadeiro amor pela cultura grega, amor de que Aristóteles deve ter sido o instigador.
Em 355 Alexandre subiu ao trono da Macedônia. Nesse mesmo ano Aristóteles regressou a Atenas, onde fundou uma escola filosófica. Esta estava situada muito perto de um campo de jogos chamada Liceu e ainda hoje achamos a forma latina desta designação (liceum “liceu”) no nome de certas escolas: Trabalhava-se intensamente, não só nos diversos domínios da filosofia, mas também no das outras ciências: a grandeza de Aristóteles é devida, em grande parte, ao seu excepcional domínio de todas as ciências da sua época.
No domínio filosófico, Aristóteles estava imbuído da doutrina platônica. O seu pensamento conservou o fundo desta doutrina, mas deu-lhe uma forma mais acessível.
Platão considerava as idéias quase como seres superiores e independentes que viviam num mundo diferente do dos sentidos. Aristóteles coloca as idéias no mundo sensível e afirma que elas habitam em cada coisa, tal como um artista habita o bloco de mármore de eu faz uma obra-prima.
A grandeza da filosofia de Aristóteles não assenta na metafísica, mas na lógica. Sócrates e Platão ocuparam-se bastante de pesquisas lógicas e, sobretudo, com o problema de encontrar conceitos e regas exatas para o pensamento. No entanto, foi Aristóteles o primeiro a sistematizar a lógica, criando assim um auxiliar intelectual precioso. Deu aos pensadores, aos oradores e aos escritores o meio de distinguirem as conclusões falsas das exatas. Na Idade Média os seus escritos sobre a lógica foram os manuais mais importantes usados nas universidades, sobretudo na forma que lhes foi dada pelo pensador português Pedro Hispano, o famoso Papa João XXI. A lógica de Aristóteles foi igualmente importante para a cultura maometana. Nos outros domínios da ciência, a força de Aristóteles assenta, por um lado, na minúcia dos seus métodos de pesquisa e, por outro, na sua habilidade em ordenar os fenômenos e em tirar deles uma síntese; ele mostra quais as leis a que obedecem os fenômenos terrestres e explica a sua interdependência.
Foi um trabalho de paciência o inculcar nos seus alunos as regras da experimentação científica, assim como ensiná-las a observarem os insetos ou os vermes de um ponto de vista científico, ou a examinarem as entranhas dos animais sem sentir repugnância. Aristóteles repetia constantemente aos seus estudantes que tudo na natureza, mesmo a coisa mais insignificante, é, por si só, uma pequena maravilha.
Aristóteles foi o primeiro a abrir-nos as portas do mundo animal: divide-o em vertebrados e invertebrados, por seu turno, dividido em mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios. Sabe que a baleia não é um peixe e que o morcego não é um pássaro, mas que ambos são mamíferos.
Aristóteles revela uma modéstia muito simpática.
Escusado será dizer que os métodos científicos de Aristóteles, por muito rigorosos fossem para sua época, não poderiam suportar a comparação com os métodos da ciência moderna. Aristóteles pôde, durante doze anos, trabalhar no Liceu numa paz absoluta. Mas, quando da morte de Alexandre, em 323 a.C., desencadeou-se uma guerra de libertação entre os Gregos e os Macedônios, que dominavam na Grécia desde a época de Felipe. As relações de Aristóteles com a casa da Macedônia já antes o tinha tornado suspeito aos olhos dos ”amigos da liberdade”, os quais começaram então a insinuar que o Liceu era um centro de espionagem macedônia. Aplicou-se a Aristóteles o método tradicional e acabou por ser acusado de “Impiedade”. Mas antes que pronunciada uma condenação à morte, o filósofo voltou às costas a Atenas com estas palavras: “Os Atenienses não cometerão, pela segunda vez, um malefício contra a filosofia”. Encontrou refúgio na Eubeia, onde morreu no ano seguinte, com a idade de 62 anos.
Aristóteles fez mais pela civilização do que qualquer outro sábio. Quinze séculos depois da sua morte, um dos maiores espíritos da Idade Média ainda o designa por “mestre de todas as ciências”.
Aristóteles foi o homem que deu à ciência o seu lugar de honra deve-o ela, em grande parte, aos métodos de pesquisa que ele criou. Constituiu os seus métodos de investigação sobre a base sólida da investigação concreta.

Fonte consultada: História Universal – Grécia Imortal, autor Carl Grimberg, ano 1989.

23/02/2005

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