"Amai-vos uns aos outros" ! . . .

Erasmo Figueira Chaves

 

 

Tremendamente risível e humorístico, ao lado da profunda atualidade que lhe imprime

O notável e fantástico ator Mario Moreno, o inimitável e saudoso "Cantinflas", em um

dos seus famosos filmes faz um discurso hipoteticamente realizado na ONU, que é

sem dúvida a caricatura da "civilização" que vivemos, um paradigma exemplar do

nosso estágio de adormecimento e incongruência evolutiva.

Relembrando especialmente a destacável concepção "nova", trazida por Cristo,

quando, compara o primitivismo do pensamento antigo com a mensagem de

evangélico e inspirador comando, no edificante Sermão da Montanha: . . . "Haveis

ouvido que foi dito: olho por olho e dente por dente, (a lei de Moisés, estabelecida

2.000 anos antes de Jesus, portanto já há uns 4.000 anos) mas um Novo

mandamento vos dou: "Amai-vos uns aos outros" ! . . .

Não é evidente e feérica evolução do pensamento? . . .

Infelizmente, no lento processo evolucionista, depois de passados mais de 2.000 anos,

a evolução nessa área dos conceitos civilizatórios, não parece expressar grande

progresso, além de apenas pequenas pinceladas para enganar incautos, mas em

essência não se tornou um fator evolutivo imperativo de crescimento no

comportamento generalizado, básico e obrigatório da humanidade. Parece, ao

contrário, tão apropriada a deturpação na desfiguração produzida ironicamente à

mensagem evolutiva civilizadora do Grande Mensageiro e Mestre, pela lúcida,

brilhante e ao mesmo tempo caricata peça oratória engendrada pelo genial

"Cantinflas," o grande humorista , naquele seu hipotético discurso à Assembleia das

Nações Unidas, (desunidas) alocução de fabulosa e cínica ironia crítica, ao desfraldar

o real desapego e desprezo humano, simbolicamente na pomposa "qualidade

representativa" daquela assembleia, quando interpreta a sublime mensagem

"Amai-vos . . . Amai-vos uns aos outros",

dirigindo-se a todos para finalizar: "Mas infelizmente, vocês entenderam

mal, confundiram os termos e o que fizeram? E o que fazem?

Deram preferência a um apelo mais contundente e massivamente entendível":

"ARMAI-VOS UNS CONTRA OS OUTROS" ! . . .

Essa caricatura passada à realidade pode sim ser comprovada por números

estatisticamente científicos, mas a essência da autenticidade luminosa

do ambicionado Amor, originário na raiz dessa ironia, fica relevada às calendas gregas,

ou a um processo evolutivo indefinido. É inegável e esteticamente bonita, sem

qualquer dúvida, mas o que prevalece no imediato da vivência humana, é a

praticabilidade política das ideias ou propósitos. Daí a efetiva EVOLUÇÃO moral e

ética propriamente dita, passar à inconsciente e irresponsável lentidão dos milénios.