Posse do Presidente Benedito Cabral

A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.

Posse Novos Acadêmicos

Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE FERNANDO PESSOA

Erasmo Figueira Chaves


Citar um poeta, nada menos que o grande Fernando Pessoa, na fraseologia costumeiramente usada como lema, na nossa querida Loja simbólica "Libertas de Salto", é enaltecer sobremaneira, em beleza e conteúdo, quanto poeticamente é dito em dimensão, respeito e conteúdo lírico, o que tantas vezes a prosa, como o tentemos expressar, não consegue simples e emotivamente transmitir:

Deus quer,
O Homem sonha,


A Obra Nasce ! . . .

Eis a nossa realidade, tão sintética e belamente definida: Deus quis, O Homem sonhou e a Obra nasceu confiante, fulgurante e expandiu-se ricamente, multiplicando aquele sentir de pequeno grupo fundador, semeador de semente profícua e frutificante em realidade tão grata e estimulante.
Hoje queremos saudar, o aniversário de nascimento do grande Homem de Letras, não só da grandeza de nossa língua pátria, mas da virtude divina da inteligência e intelecto mundial, o irmão nosso em espírito, que nos brindou a inspiração do expressivo lema, que orna a nossa Bandeira da ARLS "Libertas de Salto", princípios salutares civilizadores, esperançosos, generosos, transcendentes, tele teológicos, obedientes à nossa fé de fieis maçons, simples e confiantes seres humanos seguidores respeitosos e conspícuos da vontade do G:.A:.D:.U:. (O Grande Arquiteto do Universo)
E porquê a Obra nasceu, estabilizou-se e expandiu-se ? Porque estava sinceramente vocacionada a SERVIR, a dar-se, que é o LEMA, o mandamento sublime do CRIADOR, do G:A:.D:.U:., através de seu amantíssimo filho: "Não vim para ser servido, mas para SERVIR ! . . . "
Estes extraordinários Lemas de análise sociológica transcendente da justiça, do dever, do amor e da ação que transcende a natureza física das coisas, têm tido no tempo a preocupação de vários expoentes das letras e da inteligência, dádivas sublimes do pensamento e do espírito pragmático da ética e da moral, como no privilegiado intelecto de outro grande vate glorificador e estruturador de nossa língua pátria, essa maravilhosa com a qual hoje nos comunicamos, que nos diz, lavrado lá pelos idos de 1550, apenas cinquenta anos após o descobrimento do Brasil, o extraordinário Luiz Vaz de Camões, exarado com amor crítico, concretado no famoso "Lusíades", dizendo-nos com aguda percepção sócio psicológica, em seu "Ao desconcerto do Mundo", falando à eternidade, conclamando à consciência evolutiva:
"Os bons vi sempre passar no mundo graves tormentos. Mas para mais me espantar, os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos. Buscando alcançar assim o "BEM" tão mal ordenado, fui mau, mas fui castigado. Assim que só para mim, anda o mundo concertado ! . . . " Verdadeiro e inexorável lamento, sentimento de frustração sem dúvida, comparável talvez com aquela sublime expressão do Grande mensageiro de todos os tempos, quando em pleno humano sofrimento implora ao G:.A:.D:.U:., soltando a impressiva expressão de sua frustração, na oração às vésperas do seu inigualável martírio: "Pai, se é possível fazer passar de mim esse cálice . . . e, logo recapacitando-se de sua missão espiritual transcendente, completa, rendido à TRANSCENDÊNCIA: mas faça-se a Tua Vontade !!! . . ." . Sentimento Santo de "perda" mas perda "vitoriosa", pois tinha uma MISSÃO a cumprir: a MISSÃO de "SERVIR" em primeiro lugar: Servir de exemplo à transcendência do Bem e do Amor universal humanitário, ante a corriqueira mentalidade geral irônica e cômoda do "não me comprometas", exemplo de transcendência do BEM e do AMOR, que realizam no tempo histórico a evolução da matéria egocêntrica animalesca, aos princípios mais elevados redentores da edificação da humanidade e da irmandade, à verdadeira, consciente e responsável JUSTIÇA, da Liberdade, Igualdade, Fraternidade, à virtude e vitória de postulados sobre a ignominiosa injustiça da crassa e rude ignorância, a obnubilação do pensar sério e compenetrado, à assunção de missão e responsabilidades, à confirmação da supremacia dos valores superiores do espírito transcendente, do caráter espiritual sobre a vilania do mal, do erro e do natural primitivo egoísmo crônico.
Que lenta é a evolução !!! Que lerda !!! E no entanto para o convicto homem de bem, seja um maçon ou homem de autêntica fé, essa ação lenta e milenária imensa, mas profícua afinal, já chegou, revelou-se na generosa e esperançosa crença em um G:.A:.D:.U:. que atua no tempo e na história através da ação inteligente de seus verdadeiros agentes fatores, SERVIDORES, trabalhadores humildes, construtores, verificando, com visão crítica, honesta e sã, identificando onde o mal age e como age, contrapondo-se estruturalmente com os remédios balsâmicos do exemplo pessoal vivencial e da análise dialogante abalizada: Assim historicamente já assistimos à conquista da abolição da escravatura, aos postulados propalados dos direitos humanos, corolários da tão brilhante aspiração iluminista da Liberdade, Igualdade, Fraternidade, plenos de humanidade e civilização.
Voltemos entretanto a citar Camões, ao seu visualizar em pleno século XVI, os males do atraso e da corrupção que ainda nos limitam tanto:
". . . No mais, Musa, no Mais, que a Lira tenho destemperada e a voz enrouquecida, e não do canto, mas de ver que venho cantar a gente surda e endurecida.
O valor com que mais se acende o "ENGENHO", não no dá a Pátria não, que está metida, no gosto da cobiça e na rudeza, de uma agastada, insana e vil tristeza ! . . ." A quem Camões, em pleno século XVI está dirigindo sua mensagem ? Apenas aos seus contemporâneos, ao Rei, à nobreza ou à eternidade, cujo vibrante conteúdo profético podemos aferir hoje, mais de 450 anos depois, em nossa presente sociologia? Não nos conclama a meditar, a repensar-nos? . . . A conscientizar-nos? . . .
Eis a lucidez do espírito, que nos orienta e responsabiliza na crítica a combater a injustiça, a corrupção, o enrustido egoísmo do atraso "involutivo" e a produzir a Libertação da ignominiosa ignorância, que perversa e primitivamente presente, tanto dificulta e impede o estabelecimento da concórdia, da compreensão, do perdão, da lucidez, da união, da Paz, do exercício inteligente dos recursos da mente construtiva, da aspirada EDUCAÇÃO, ORDEM E PROGRESSO do verdadeiro "Reino de Deus" na terra.
Como vêm caros irmãos dos diferentes credos religiosos e confissões cristãs ou não cristãs, irmanados em autêntico, natural, real, generoso, prático e espiritual ecumenismo, na necessária e pragmática análise da longa marcha evolutiva, histórica, geológica e arqueologicamente comprovada pela teoria de Darwin, a conquista de patamares de dignidade, civilização e humanidade, não nos têm faltado desde os primitivos tempos de Abraão, Moisés, Mahomé, Buda, Jesus, pensadores, atores sensíveis ao espírito transcendente, intelectuais e cientistas, revelações ao processo de PENSAR, praticar e visualizar a concepção da JUSTIÇA, O BEM COMUM, sensibilizações metafísicas, luz, visão da maneira pessoal de avaliar e aperceber aquilo que é direito, certo, que é justo, o princípio moral em nome do qual o direito deve ser entendido longânime e respeitado, luminares extraordinários inspirados na orientação transcendente até os dias de hoje, através dos autênticos profetas, religiosos, sábios, filósofos, professores, cientistas, escribas, pensadores e poetas, exemplos de humildes servidores, padrões de moralidade e ética, em inspirações práticas, palavras edificantes, vidas e dedicações abnegadas, técnicas, lúcidas, literárias, em respeito e coerência à essência das normas, valores, virtudes, prescrições e exortações que verdadeiramente nos conscientizem e orientem, inspirada visionária e inteligentemente, das qualidades morais particulares dignificantes da cândida pureza, das beatitudes, a serenidade evocada pela contemplação da beleza da natureza, das boas qualidades, da culta tendência inata para as boas ações na sanidade do espírito, justificantes de nossa realidade evolutiva, da bondade imanente, como verdadeiros seres humanos, atribuindo-nos com aparente e imodesto orgulho, arrogante ou vaidosamente, estar à cabeça de todo o espectro dessa evolução, dessa fantástica criação, dotados de inteligência e razão, tendo sido concebidos "nada mais nada menos", à imagem e semelhança do Grande Arquiteto do Universo. Pretenciosismo? Ou desafio de um ego, eternamente proposto à aspiração responsável mais sublime ? . . . Mas na realidade objetiva dos fatos e da imensa, imemorável história, muito embora reconheçamos algumas importantíssimas e relevantes expressões dessa evolução fantástica, carecemos, e como carecemos, em termos de humanidade e civilização, do padrão aspirado e amadurecido da RESPONSABILIDADE consciente, individual e coletiva sobre questões básicas tão importantes como maturidade , interdependência, liberdade, igualdade, fraternidade. Nada a ver com naturais interesses pessoais e tendências egocêntricas de sub-reptícia manifestação e escondida autenticidade. De certa forma, aqui ou ali, ainda aparecem, e como, estigmas de imaturidade, impressivos resquícios, explosões e expressões egocêntricas tão característicos de nossa primitiva origem. Permanecem claros vestígios concretos, vívidos e dantescos documentos do "troglodita", no rápido instintivo e inculto concluir ou no agir impensadamente, no deixar aflorar, extravasar, emotiva e desbragadamente um ego descontrolado pela ambição desmedida, fatores ineludíveis, a que o SER ou o não SER, não se furta ou esquiva, que estão animalesca e coletivamente em nós, por mais que tentemos ignorá-lo por rejeição, obnubilação, ignorância, preconceito, superior pretensão, arrogância, atraso, instintivo horror, repúdio, auto promoção ou incapacidade de auto análise.
A nossa responsabilidade para com a Vontade de Deus criador, o inspirador e Grande Arquiteto de todas as coisas, os bens transcendentes, a nossa ansiedade por bem estar, por pureza, autenticidade, intenção e desejo de vivê-la existencialmente, obedecê-la, aparece comprometida, teórica, obnubilada, na fragilidade psíquica de meros seres humanos em evolução, que ainda naturalmente somos e, disso não nos conscientizamos ou nos instrumentalizamos, o que não nos é fácil lucidamente discernir coletivamente, envoltos como estamos em meio aos milênios passados e aos do por porvir, uma vez que "prioritárias razões imperativas do ego, geralmente obnubilado ou inculto", meras razões atribuídas a superar quaisquer outras razões do coração, segundo Pascal, que nos tornam obreiros preguiçosos na prática, produzindo-se essa consciência anômala a pairar num limbo, num estado de indecisão, incerteza, indefinição em um ser superiormente dotado e vocacionado a tanto, aspiração grandiosa e sublime, que no entanto deixa tanto e muito a desejar. Falta-nos valor? Falta-nos valor para admitir, reconhecer e dar exemplo coerente e testemunho insofismável de que somos verdadeiramente os únicos seres cósmicos com potencialidade e capacidade de compreender e sonhar, com dimensões indescritíveis sobre o nosso dever humanitário, interdependente de sonhar utopias, semear realidades, de produzir e propiciar unidade, igualdade e justiça para a consecução da irmandade fraterna universal? Meus queridos irmãos: qual a nossa inserção positiva, real, responsável, consciente no contexto contagioso político? Que realmente significa o poder divino que emana do Povo, organiza-se Pelo Povo e age para o Povo? Para a redenção de quê ? Onde fica a nossa individual liderança crítica e exemplo? Isto talvez nos acomplexe pela dimensão exigida, pela ansiada orientação definitiva que só a EDUCAÇÃO da mente e do caráter propiciará, complexidade a induzir-nos, fazendo-nos sorrateiramente driblar princípios, de assumir realidades não tão aliciantes de nossa conduta, enaltecendo o ego geralmente inculto, evitando errática, consciente ou inconscientemente, o tremendo desafio que recai sobre nossos ombros: o de sermos artífices SERVIDORES e não apenas vítimas indefesas usufruidores das migalhas que caiem da mesa, mas semeadores em terra ávida e fértil, autores, atores e não meros usufruidores, espectadores,  verdadeiros pedreiros, escultures, brunidores, construtores da concreção dos ideais e convicções em que genuinamente cremos: a Obra TRANSCENDENTE do espírito, nascida do QUERER divino, com a qual sonhamos e a dar razão concreta e testemunho insofismável aos nossos anseios de bem, nossa aspiração de um correto, digno, coerente, estimulante DESTINO HUMANO, a grande Obra dos milênios do GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO.
"Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce"! . . .
(Fernando Pessoa"
E termino com uma breve reflexão poética que intitulei:

T R O G L O D I TA

Será mesmo que regredimos?
Que regressamos à época das cavernas?
Que depois do Progresso pretendido e tantos mimos, não
 passamos de meros sustentáculos sobre pernas?
 
Em que o cérebro não preside,
Apenas assiste, não governa,
Meramente assente, consente ou  decide
Onde acaso nos levem  instintos  à  baderna ?
 
Premeditado, inconsciente ou conveniente acinte ?. . .
Em que ausente coração não  aperceba da ética
 fundamentos e, dessa dimensão trágica não ressinta?...
 
Melhor viver na  Capadócia,
Ou nas cavernas de tépida temperatura
Grosseira e ingénua  da Beócia,
Que exigir digna mente em tanta agrura na cultura ? . . .
 
E o troglodita ressurge impávido e sereno
Militando direitos, poder, conforto,  jamais deveres,
Apresentando-se ainda tosco, ignorante, desumano, ou
obsceno,
ignorando em seu ego o crescimento, cultura, saber,
educação, dever e construtivos afazeres ! . . .

Cabreúva  6/5/2013

 

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