Erasmo Figueira Chaves
Trouxeram alegres - ouro, mirra, incenso, -
Presentes generosos, Reis Magos e seus humores,
Valiosos símbolos sempre, mas de trágico consenso
Nesta humanidade frívola de vagos valores.
Foi o primeiro Natal há dois mil anos.
A fé humilde, vital, de José e de Maria
Transformava manjedoura, palha e panos
Em mensagem de esperança e vida pia,
Dando por berço ao mensageiro dos arcanos
Desvelo e o que neles, viajantes, espontaneamente
havia.
Apenas um tabuleiro em que se alimentavam animais, ali na estrebaria,
Simplicidade dadivosa, brotava humildade em puros urbanos,
Simbolismo profundo a transformar o que depois viria,
Humildade, a mudar a história evolutiva, que o SER mereceria.
Aperceber-se-ia sentir dever crescer e, VER, o que antes não se via,
Valores eternos, que desde então se ofereceriam aos sãos e aos insanos
Amor cristalino , sorrisos, pureza, simplicidade, humildade, tranquilidade, a segurança da paz, enlevação,
valores perenes, reais, presentes,
fruídos tão legítima e naturalmente, sem
formalismos, diferentes por certo do que os Reis Magos, tão alegre, circunspecta
e generosamente trouxeram, mas expressavam na sua homenagem, no seu simbolismo materializado, embora no que a humanidade de então, - assim
como a de hoje, - via, sentia, queria, e, como, bens supremos de poder,
prazer e devoção sincera do material enriquecer.
Nada
a dizer logicamente contra os simbolismos , os bens terrenos,
legitimamente praticados, honesta e em sanidade produzidos e possuídos,
quando significam bem estar,
mérito, conforto, beleza estética, ética e profética,
dignidade e justiça equitativa para todos e para
toda a humanidade.
Não certamente se comunitária e politicamente é apenas ostentação, esbanjamento, vulgarização
da materialidade , egolatria abjeta,
gritante expressão despótica de
poder, corrupção e superficialidade,
que nada mais é que concreta manifestação eloquente da ostensiva mera alma
vazia de conteúdo transcendente e eterno, alma alienada, destituída de
qualquer
consentido valor humanitário, irmanado, como afinal era e é ainda
corrente, nas massas inermes, eternamente dependentes de algo que lhes
caia milagrosamente do céu, jamais do mérito algum ou esforço pessoal,
seja ele qual seja, da conversão sincera e ativa, laboriosa, com alguns
matizes óbvios, aqui ou ali, sombras, nuances
e disfarces, de aqueles tempos e na sociologia de nossos
dias.
Saibamos pois, às portas do novo
milénio, apreender na humildade da pobre estrebaria,
da simbólica manjedoura, da simplicidade dos simples,
dos
gratos sorrisos bondosos e francos, inconfundivelmente espontâneos dos
que vivem da paz, do aconchego e calor do lar, do convívio fraterno
com o semelhante, do sentido enlevado do bem , sinceridade, da tranquilidade e santidade despreocupada dos bons
propósitos, da intenção construtiva da ação transcendente e do trabalho honesto disciplinado, da
franqueza, lisura e cultivo íntimo da fé inteligente e profícua.
Assim , talvez possamos desvendar o
Rumo Certo dos
Valores Perenes,
para que o próximo milénio
possa terminar na vivencia real da mensagem, proferida há dois mil
anos, no
“Sermão do Monte” por Aquele
nascido em sorrisos e Paz, na simplicidade da humilde manjedoura :
“HAVEIS OUVIDO QUE FOI DITO OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE, MAS UM NOVO
MANDAMENTO VOS DOU
AMAI-VOS UNS AOS OUTROS”
ERASMO FIGUEIRA CHAVES
CABREÚVA, 14 /12 /1999
ACADIL
Cadeira Nº 31
PATRONO: CESÁRIO MOTTA JÚNIOR
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