Erasmo Figueira Chaves
Disse,
bela, romântica e concisamente, em perfeita elucubração significativa, o
brilhante poeta Mario Quintana, que “a recordação é uma cadeira de
balanço, embalando sozinha”. Poético, sensível, gratificante, digna
expressão do grande poeta. Ponto final! Mas, sempre há um mas, em todas
as paisagens. Surgem entretanto sugestivas ilações: A própria
cadeira não foi e não é a de balouço do poeta, e não balouça assim
sozinha, automaticamente, malgrado a minha vontade. Justificando esse
vai e vem, balouçante. Surpreendentemente surge ou sugere-se
me ao espírito, haver em telúrico conluio, um montão de secretos
embaladores que a acessam indiscretos, repetidamente. São autênticos,
conspícuos entes, que se mantêm incógnitos e displicentemente distantes,
e, só aparentemente omissos, mas atentos, alertas e prontos, solícitos à
espera oportuna e paciente para embalá-la, quando a oportunidade se
faça convidativa, sem qualquer cerimônia. Pior, sem qualquer resquício
de carinho ou compaixão, proposital intenção romântica, consideração ao
SER. Mas a querer apenas vê-la balouçar, balouçar sem sentido algum, ao ritmo das circunstanciais ou secretas conveniências, quem sabe até
inconfessáveis ou propositais, em curioso processo, a provocar
recordações, de situações, ações, pessoais ou alheias, coisas e loisas,
boas ou não tão boas, vitais ou à-toa, mas latentes, presentes, em
sofisticada presença nessa “caixa de pandora”, cheia de dons, que é a
maravilhosa memória, guardadas avidamente a sete chaves, por neurônios
pertinentes, que, sub-repticiamente se não negam ao repto de se fazerem
presentes, quanto inconvenientes, ou estimulantemente, alertando-nos a consciência para a ”Razão transcendente”, que faz o biológico animal, “evolutivo”, tornar-se responsável !!! . . .
11/7/16
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