Erasmo Figueira Chaves
Certamente muito bem lembrado, relembrar a quem nos ensinou muito mais que , matemáticas, histórias, geografias, idiomas, fatos, teorias !!! Nossos vitais professores e amigos com quem dialogamos, que nos fizeram gente pensante, e ao pensar, gente atuante !!! P E N S A R ! ! ! . . .
Disse certa vez um grande pensador espanhol do século passado, Julián Marias, escritor de notáveis livros sobre filosofia dos quais destaco “El ofício Del Pensamiento”, cujo espírito poderia ser assim traduzido: - A arte, profissão, ou artesanato do pensamento - escrito com pulcritude mental e literária. Reproduzo frase assaz significativa à nossa atual realidade cultural, sociológica brasileira, sobre a arte de “Pensar sobre as coisas, sem outro fim nem limite que a VERDADE” .
Pensamos quando lemos? Quando trabalhamos? O diálogo, quando acontece, é produto do PENSAR ? É a VERDADE de quem emite uma opinião ? A família brasileira, sua atmosfera, seus costumes, tradições, hábitos comezinhos, ensina a pensar? A escola, oficial ou particular, além de cumprir o programa enviado pelo Ministério da Educação Nacional, rigorosa e temerosamente obedecido e observado, tantas vezes sem a necessária pedagogia e mérito individual dos pedagogos envolvidos, ensina a pensar? Que bicho afinal será este? Será que em meus atos e divagações diárias submeto a meus circunstantes ou na privacidade de meu lar, auto recolhimento ou arguição, de algo que me desperta a atenção, o processo de raciocínio lógico, para aceitá-lo ou descartá-lo, como consequência de uma atividade psíquica consciente, organizada, a fim de exercer convictamente a necessária e treinada capacidade de julgamento, dedução ou concepção do que seja refletir, ponderar, pesar prós e contras, da conveniência ou inconveniência de optar favorável ou desfavoravelmente em pró disto ou daquilo? Qual o motivo que me conduz a decisões? Qual o filtro com que analiso circunstâncias? Qual o prisma ético, moral ou social de meus enfoques?
”Penso logo existo” a grande sentença de Descartes, tem algum significado na minha vida diária, tradicional e comum? Aquele grande filósofo, tão fundamental para a filosofia em geral, e a inteligência em particular, escreveu em latim a concisa frase “Cogito, ergo sum”. Queria dizer simplesmente que PENSAR assegura à mente com objetividade psicológica a realidade da própria existência, ou seja , quando ela se dá conta de que está pensando, perguntando-se, inquirindo-se, pode ter a certeza de que o SER existe. Quando PENSO, EXISTO, sei que não sou uma coisa ! Se Penso e Existo, concebo o fundamento consciente da DIGNIDADE individual, como Ser Humano ! DIGNIDADE, CONSCIÊNCIA E EQUILÍBRIO DA FUNÇÃO E QUALIDADE PENSANTE ! . . .
Quando teologicamente a Bíblia Sagrada, define a concepção com que Deus teria criado o Homem, o faz “ à Sua Divina imagem e semelhança” o que sem dúvida nos traz tremenda responsabilidade, ( e, até desconforto, complicação moral, ética e prática) referente à possessão potencial da vital, indispensável e portentosa inteligência. À qual é inerente, a extensão lógica da capacidade de pensar, arquitetar, planejar, arguir, duvidar, analisar, ponderar, JULGAR, decidir, atuar, executar AFINAL, Bem ou Mal, SEGUNDO o uso de sua capacidade inteligente, racional e independente de PENSAR. Isto assegura a convicção coerente de um Ser liberto, para o exercício do LIVRE EXAME e da ação criativa. Ou seja, está implícita a DIGNIDADE HUMANA !!! E é nisto que a função política democrático-republicana tem uma etapa muito importante a cumprir: criar as condições materiais exigíveis para o efetivo alcance de todo o processo do ENSINAR A PENSAR, E SUAS CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS, NAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO, HABITAÇÃO DIGNA, EDUCAÇÃO GERAL, TRANSPORTE E LAZER, SEGURANÇA, a dignidade nas relações humanas, nos princípios adotados, nos processos escolhidos, nos sistemas e ideologias propaladas, no testemunho prático e real do BEM COMUM.
Comumente, a maioria das pessoas , atribuem a função de PENSAR aos ditos intelectuais ou pensadores, o que, na verdade, embora encerre uma pequena parcela da VERDADE popular, é intelectualmente incorreto, uma aberração dessa realidade deficiente, corriqueira e mal distribuída que é a EDUCAÇÃO , regularmente reinante, meramente impensante, irrelevante, raramente dialogante. A humanidade está composta por seres humanos, SUBLIME produto evolutivo ou em processo de evolução (ou de extinção?) e, estes e outros seres existentes, do reino animal ou vegetal, na sua inter-relação, interdependência, ou dependência pura e simples, determinam as condicionantes para a consciência da existencialidade, da realidade existencial perfeitamente cônscia do pensante.
Se, como Descartes sentencia, “Penso, logo existo” ou seja tenho consciência de minha existência vital, psíquica e anímica ou, Nietzche, prefere definir “Existo, logo Penso”, o importante a deduzir ou admitir é de que para estas duas grandes e privilegiadas expressões inteligentes do pensamento e da Filosofia, o fato de Pensar, a priori ou a posteriori, é a de que a essência da nossa concepção real de existência, de nossa real e inequívoca sensibilidade psíquica, moral, ética e física, está inexoravelmente ligada ou interligada à fabulosa faculdade ou capacidade humana de Pensar. PENSAR !!! . . . PENSAR e iluminar-se !!! . . .,
Se isto é tão básico, tão vital e importante, entre os tantos objetivos a alcançar para atingir a FELICIDADE humana universal, e, esta felicidade integra inclusive os objetivos da política democrática-republicana em sua maturidade hodierna, através da propalada JUSTIÇA SOCIAL, não seria essencial que no curso de nossa infância, da mais tenra à puberdade e adolescência , tivéssemos o especial, principal e imprescindível interesse do sistema escolar nacional e dos pedagogos em geral PARA A FUNÇÃO de ENSINAR A PENSAR ? O grande Sócrates foi já definitivamente esquecido? O que era o seu maravilhoso sistema PERIPATÉTICO, UMA VEZ QUE GOSTAVA de DAR AULA ANDANDO COMPASSADAMENTE, DIALOGANDO COM SEU ALUNO, NUMA RELAÇÃO DIRETA., BI-PESSOAL, PENSANTE, DIALOGANTE, DO PROFESSOR, MONITOR, PERCEPTOR, TUTOR, INSTRUTOR, com seu aluno ou aprendiz? Perdemos definitivamente a faculdade ou interesse de Pensar, DE ADAPTAR, DE INTERROGAR, de buscar respostas às interrogações, de ensinar bem, DE PENSAR BEM, DE HUMILDEMENTE PERGUNTAR, sem deixar-se enclausurar por qualquer sistema PEREMPTÓRIO definitivo em particular, MAS AUTO ESTIMULANDO-SE A ENCONTRAR EM SI, RESPOSTAS CONGRUENTES E EDIFICANTES. Quem sabe pensar, educa-se sozinho ! . . É também, não só em potencialidade, um criador ! . . .
O feto, a criança, desde a sua gestação uterina, dizem os psicólogos e cientistas, já vai gravando experiências, emoções, sensações importantes e determinantes, para a formação de seu caráter futuro.
Se a capacidade de PENSAR com qualidade, excelência, PROBIDADE e, de expressar personalidade, é principalmente a consequência normal final de condicionamentos e treinamentos adequados, de processos, hábitos ou sistemas, afinal básica e principalmente constituindo-se voluntariamente na mera acumulação de conhecimentos, habilidades, domínios, aprendizagens, desde a mais tenra infância, que foram e são constante e sutilmente transmitidos, queiramos ou não consciente ou inconscientemente gravados, sensorial, imperceptível, sutil ou espetacularmente em acúmulo interminável em tenros neurônios do cérebro em formação, desde a barriga materna e, logo a seguir avida e continuamente incorporados pelos órgãos dos sentidos, tato, nariz, olhos, ouvidos, pele, sensações, percepções absorvidas todas, de tudo que acontece ao redor, do mundo imediato exterior, guardado logo secreta, zelosa e cerebralmente, em suas sofisticadíssimas circunvalações e neurônios, lembrando os “chips” e memória de um moderno computador, - maravilhoso, fantástico instrumento desenvolvido em cérebros inspirados e treinados a Pensar, - num processo repetitivo e cumulativo fantástico, e, que mais tarde, pouco a pouco, no decorrer da existência, assumem conceitos, autorizadas ou satisfatórias posições mentais e assomam à consciência, quando eventualmente ou necessariamente requeridos ou solicitados, em resposta rápida, instantânea, tal qual a Banda Larga reage ao comando do click ou do mouse, à pergunta ou requerimento psíquico, da vontade de um bom ou mau, bem ou mal já formado caráter, num processo automático incrível, extraordinário, acionado coerentemente por um aparente, obediente misterioso e particularíssimo sistema de uma frequência elétrica cerebral especial, sistema extremamente sofisticado, do que poderíamos atrevidamente chamar de reprodução, cópia ou xerox instantânea mental do que foi preliminarmente adequada ou limpidamente assimilado, percebido, sentido, recebido anteriormente e arquivado fantasticamente por tantos anos de recepção, percepção, treinamento ou aprendizagem, tudo gravado em neurônios, à espera paciente de ser circunstancial e eventualmente usado, chamado à consciência, requerido, utilizado, mas não apenas como mera cópia, reproduzida como aparente plágio inconsciente , mas com a característica, adequação e propriedade da consulta ao fabuloso “arquivo”, agora presente e consciente com o selo pessoal, personalizado, personificado, elaborado naquela velocidade da consulta, da referida rapidez ou frequência espantosa, em perscrutado exame a tudo daquilo correlato gravado no acervo imenso, do que foi paulatinamente adquirido pela hereditariedade, pela memória incomensurável do DNA, e, pelos órgãos sensoriais durante a vida toda, totalmente arquivado majestosa, ordenada e confortavelmente no fabuloso HD cerebral, para ser devolvido, apresentado, elaborado, emitido, instrumentado, quando preciso for, requerido ou necessário, consultados os diferentes inúmeros arquivos ou “chips”, em correlação exata, num processo perceptivo, de consulta a cada um dos bilhões de “chips” do impressionante acervo cerebral, mas devolvido elaborada e expressivamente, como verdadeiro e pessoal conhecimento e produto essencial do PENSAR, agora com esse cunho próprio, racional, consciente, dignificado, personalizado, resultado final do que comumente chamamos afinal de resultado visível ou audível da ação ou atitude da personalidade humana. É o que torna esse fabuloso e indelével “ARQUIVO E ACERVO” pessoal, personal, personalíssimo, digno do selo, distinção, definição da personalidade individual, do que no final das contas foi primeiramente inadvertidamente acumulado, copiado, aceite, gravado e simplesmente absorvido.
Agora falta PENSAR e absorver do anteriormente absorvido, a compreensão da mecânica transcendente do seu funcionamento.
PENSAR não dói !!! PENSAR precisa apenas de treinamento, de substrato cultural, alimento adequado, semente germinadora de professores, pais e tutores, (verdadeiros Mestres, pais mães, avós, familiares, professores, amigos, empregadores) em todas as áreas do conhecimento e arte humanas, que se disponham e se vocacionem por amor genuíno à VERDADE inconfundível dos valores eternos imprescindíveis, insubstituíveis, únicos, dignificantes, civilizadores, dos maiores que poderíamos almejar, à função de inconfundíveis perceptores, professores, orientadores, monitores, pedagogos e alvissareiros discípulos, apóstolos proclamadores da verdadeira “Liberdade, Igualdade, Fraternidade,” da mente e do espírito e, portanto, da FELICIDADE, tão intrínseca e emocionalmente almejada por todos, implícita ao postulado do “BEM COMUM”, que é concretamente a mesma aspiração e recomendação divina, do “Reino de Deus na terra”. Redenção da obscuridade da ignorância, da milenária noite do desconhecimento desde o começo dos tempos, em que o homem especulava sobre os mistérios da natureza.
PENSAR, PENSAR BEM, com a razão ou com o coração , PENSAR sobretudo COM O PRÓPRIO PENSAR criativo, com dúvidas e certezas, mas com ductilidade, constância e humildade, olhos prudentes , abertos e dúcteis da inteligência, na companhia de Descartes ou Pascal, Kant ou Nietzche, Rousseau ou Sócrates.
Eis o tremendo, o enorme e transcendente DESAFIO à nossa consciência lúcida e responsável, que nos é moralmente imputado como seres humanos dignos, “criados à imagem e Semelhança de um Deus criador,” desafio que nos é individualmente dirigido, intima, civilizada, pacifica, responsável, constante, diligente e continuamente insinuado, reclamado, proclamado pela convicção transcendente em vital esperança humanitária, em incentivo vibrante e candente, através de sistema redentor de um bom, possível, excelente, quanto eficiente processo
Cabreúva, 10/10/2012
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