Posse do Presidente Benedito Cabral

A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.

Posse Novos Acadêmicos

Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

MISSÃO DAS LETRAS

Erasmo Figueira Chaves

De modo fraterno e sem outra pretensão que senão a da certeza do valor de continuarmos esta peregrinação sem fim pelas sendas da cultura e do saber, uma vez mais podemos nos orgulhar da colaboração da Academia Paulistana Maçônica de Letras na difusão cultural do espírito maçônico na sociedade, ante o fenômeno crescente da publicação de livros e textos. Os comentários de nosso insigne presidente a propósito do lançamento de uma nova Antologia patrocinada pelo "Clube Amigos das Letras", transmite a alegria genuína de todos os Confrades deste Sodalício por mais este evento benfazejo.


Oh! Bendito o que semeia

Livros . . . livros à mão cheia . . .
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
(“O Livro e a América” do bendito e insigne Castro Alves)

Eis uma nova Antologia. A reunião em livro do esforço e trabalho de um grupo de vocacionados praticantes da maravilhosa arte de escrever, bem organizados e constituídos, com a eficiente e estruturada liderança de Sérgio Grigoletto, em um “Clube de Amigos de Letras”. Está de novo de parabéns este consagrado e virtuoso “Clube”, que via WEB, congrega já 3.796 cônscios integrantes inscritos em seu boletim de notícias, e intercambio de idéias.
Felizmente, na inexorabilidade do mundo global, até a arte da literatura se globaliza e desmistifica, tornando-se acessível com o auxílio fantástico da internet e do computador, e, como diz o artista e batalhador pela função literária João Borges, em seu “Ventos Múltiplos” : . . . “

Outro lado positivo, que vemos nesta compulsão literária coletiva, é o aprimoramento público leitor com relação aos verdadeiros e grandes escritores, já que este público está tendo a oportunidade de também saborear do mel que, antes, era coisa de iniciados. Afinal de contas, se até o sofrimento humano está sendo globalizado, quando nos defrontamos com problemas cada vez mais mundiais, por que não desmistificar a literatura, permitindo que seus reais personagens saltem de suas páginas para escreverem suas próprias histórias? Refiro-me ao povo” . . .

Exultemos, congratulemo-nos portanto, com o sucesso desse movimento cultural sem precedentes, que nos enche a todos de esperança, na redenção da essência dos valores implícitos no poema em epígrafe do bendito e insigne Castro Alves, no intercâmbio e na difusão dos meios que aproximam pessoas a as fazem indivíduos a discutir idéias, libertando-as, engrandecendo-as, promovendo-as, estimulando-as à divina e sublime faculdade de melhor pensar, de ver e sentir com argúcia e profundidade, de interpretar, de elaborar opinião, de exercitar inteligência, captando cada vez mais o mundo psíquico e exterior que nos impregna e rodeia, de publicar o produto de seu pensamento, organizado em livro, propiciando e multiplicando oportunidades de amplidão da visão e consciência, despertando enfoques promotores de civilização, enaltecendo a dignidade humana.

O sério e verdadeiro amor pelas LETRAS, que se supõe ou admite ser o leitmotiv de uma agremiação, associação, academia, clube, ateneu ou tertúlia, que congrega seus cultores, incentivadores ou motivadores, não parece dever ser propriamente mais, nem maior, que a própria consciência, respeito e anseio de seus identificados integrantes pelo zelo, testemunho e prática dos nobres postulados, propósitos e ideais, que através desse maravilhoso meio, as letras, constituídas e impressas em livros, revistas, jornais, panfletos, se propõem contribuir com eficiência e idoneidade, à verdade de atitude e ação, mesmo que seja diletantemente, na divulgação, construção e esclarecimento de uma sociedade madura, informada, respeitosa pela essencialidade da vida física, de diálogo e equilíbrio com as pessoas e com a natureza, de relação cultural, de convivência pacífica, espiritual e social , compreensiva, coerente, sensata, congruente, harmônica, sã, honesta, educada, culta, dialogante, desafiante, interdependente, digna, verdadeira, justa. Sociedade ou organização social e política, que cônscia de termos e propósitos, possa vir a definir-se, com aguda propriedade, de democrática. Democracia, essa tão aspirada, tão badalada idéia civil dos gregos e mais recentemente a partir dos iluministas, tida como o ideal cristalino da ansiada verdade igualitária e fraterna dos povos, em que o respeito, a dignidade da conduta e comportamento de seus integrantes, líderes e liderados, eleitos e eleitores, legisladores e magistrados, governantes e governados, com a sã, culta e ordeira consciência de que, é verdadeiramente do seio do povo de onde emana todo o soberano e honesto poder, criando-se o ideal social democrático igualitário dos direitos e deveres, que deve prevalecer sobre o egocentrismo individual do ser cultor do que é nefasto, vil, negativo, empobrecedor, mesmo além, aqui ou ali, da possível carência cultural. Esclarecer cada vez mais e pedagogicamente melhor, nesta nossa querida nação tão carente de cultura e leitura edificante, parece ser essa a vocação, a ênfase, o esforço, o desafio que se exige hoje mais do que nunca, com probidade e urgência, de intelectuais, dos homens de letras, de pensadores, escritores, jornalistas, legítimos cultores, praticantes, do povo consciente, diletantes e formuladores de opinião e valores culturais.

Essas são ponderações oportunas que me sugere o expressivo e amargo comentário, na triste conclusão ou constatação do imortal e consagrado escritor português, ganhador do Premio Nobel de Literatura, José Saramago, em recente e significativa declaração, que nos faz meditar profundamente, ante a superficialidade de conceitos, o comportamento das massas e de seus governos, as constantes manipulações, malabarismos, oportunismos, cinismos, incompatibilidades e práticas deploráveis reinantes no mundo inteiro, aos quais estamos inapelavelmente, como nação e como indivíduos, inseridos, muitas vezes como cândidos apêndices imitadores.

Diz Saramago:

“Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada,

um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira,

talvez pudéssemos nos entender melhor.”

Irônico? Real? E se real, catastrófico? A quem cabe corrigir ou ponderar com autoridade moral, sobre essa aparente incongruência, entre conceito e realidade que se vai estratificando no mundo, pela pobreza difundida dos postulados, das propostas, pelas incompatibilidades entre propostas e vivências, das facilidades traiçoeiras, dos oba oba inconsistentes, dos maus exemplos e dos costumes deletéreos?Quem são os governos?Quem preside as escolas ? Quem são os professores ? O que é educação? Que papel joga o amor e a disciplina nesse processo? O que é o povo? Quem é povo? Que nos corresponde dizer, elaborar ou fazer, homens e mulheres de Letras? Amigos verdadeiros de Letras ! ? Para que servem as letras ? Servem a quem? Contemos nossas histórias, sejamos os personagens vívidos de nossas obras, clamemos, digamos, esclareçamos, reclamemos, desmascaremos, protestemos com dignidade e veemência, e sobretudo com autoridade moral, escrevamos pois, como escritores, pensadores e cultores das coisas do espírito, cristalinas verdades e autênticos gritos de alma e inteligência, que nos libertem da indignidade do mal, da insídia, do engano, da sanha, da ambição desmedida, da superficialidade, da confusão de conceitos, dos imediatismos, do cálculo e ego venal, da vergonha, da vaidade supérflua, cuja nefasta saga e semente se projeta mascaradamente no seio da sociedade pela eternidade das gerações. Produzamos alimento formativo. Sejamos escritores construtores. Salvemos e afirmemos as conquistas sagradas da civilização. Construamos inteligências perceptivas, fazendo e publicando Livros, e incentivando a sua leitura indiscriminadamente. Ajudemo-nos, e por que não, ajudemos a humanidade a pensar e a pensar bem, para que a luta contra o analfabetismo cultural, ultrapasse a fase instrumental da mera capacidade potencial do alfabetizado apenas poder ler e impeça a sociedade de nadar em falácias e terríveis tropeços de obscurantismo e ignorância, que destroem os pilares em que se assenta a democracia.

Parece, infelizmente, que apenas vicejam por toda a parte espíritos ególatras, aproveitadores de ambições descabidas quanto desmedidas, que fazem da inocência uma incongruência. Acredito não ser este o mundo das letras, que ora viceja esperançosamente com a edição de mais uma Antologia, embora não possa iludir o pesaroso fato de que muitos e muitos, na sociedade, as usam abusivamente, desvirtuadamente, em seus maus desígnios ou cálculos utilitários.

Admito verdadeiramente que nada é mais construtivo para o estabelecimento de uma ordem moral superior que o humilde sentimento de bondade, gratidão e gentileza. Quem agradece autêntica e reconhecidamente tudo o que se lhe fez, ou se lhe faz, de bom e magnânimo, ou o que fez e faz a natureza criativa e dadivosa, em seus milénios evolutivos, o que se realiza com dedicação, na translúcida expressão cristalina da verdade, respeito e espírito de boa vontade e serviço, quem possa ponderar dificuldades e limitações e mesmo assim vencer a inércia da preguiça e do medo, esse generoso, autêntico e espontâneo sentimento de gratidão e ao mesmo tempo inconformismo, torna a vida profícua, harmoniosa e a faz transcorrer em marcha civilizadora e humanizante e realiza concretamente a possibilidade prática de idéias e ideais tão belos., como o são os da vida democrática testemunhante, compartilhada. É isso que quero fazer agora aos que colaboraram para constituir este novo livro Antologia, que ora se publica sob a égide de tão bem liderado e motivado “Clube de Letras”: Agradecer ! Quero agradecer!

Agradecer, agradecer e agradecer, mas agradecer de verdade, com sinceridade, sem afetações ou salameleques, com propriedade, faz parte dessas básicas cristalinas verdades a despertar boas vontades, autenticidades, que não requerem vaidades indevidas, pelo contrário, as mesmas se repudiam naturalmente, para propiciar moderado orgulho, com legitimidade, o que é próprio e devido à gestação de generosa e inefável egrégora, essa força-pensamento unificante, uma aura de paz e aprovação espiritual coletiva, para que a Democracia, seja possível e venha a ser de fato um sistema ideal de vivência e convivência estimulante, de confiabilidade dialogante, prazeirosa e honrada, um instrumento da inteligência e crescimento humano e não apenas outro cínico e mecânico exercício circunstancial de aproveitadores, produto falacioso e demagógico a serviço do mais esperto oportunista, propagandista de feira, inescrupuloso e empoleirado, a cumprimentar com desenvoltura e desfaçatez a torto e a direito, com chapéu alheio. Eis um tema, senão o tema, crítico, sobre o qual as letras e os que não as conspurcam, manipulam ou maculam, podem, devem e precisam pensar, elaborar, difundir, proclamar, criticar, praticar, para a reconstrução da sociedade e das instituições a serviço da dignidade humana, que é afinal o que busca o sistema democrático e a civilização, a compor coerência e honestidade como apela a frase do insigne Nobel, José Saramago. Oh! Benditos os que semeiam Livros . . . Livros às mãos Cheias ! . . .


Muito e muito obrigado a todos e mãos à obra ciclópica que nos espera e reclama à ação, através da instrumentalidade dignificante, profícua e civilizadora das LETRAS.

Erasmo Figueira Chaves
Presidente da APML

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