Erasmo Figueira Chaves
Ouro de aluvião no leito do Rio Tietê, rio que banha as terras cabreuvanas ou cabreuvenses, nos primeiros anos da colonização, entre 1600 até o final de 1700, séculos 17 e 18, é o que nos informa de suas leituras e abalizadas pesquisas o cabreuvano, hoje consagrado editor de itú, proprietário da Editora Ottoni, estimulador das pesquisas sobre a história e sobre tudo o que se refere aos municípios regionais, Mylton Ottoni da Silveira. Mylton é neto de um dinâmico prefeito de Cabreúva, Ottoni Rodrigues da Sylveira, cafeicultor, da época do presidente Washington Luis, (aliás Mylton mostrou uma foto do avô ao lado do Presidente Washington Luis, inaugurando a Estrada dos Romeiros, a primeira que ligava São Paulo ao interior do estado,) O jovem Mylton, dizíamos, era um caçador por vocação cultural irresistível, passou grande parte de sua adolescência e juventude embrenhado nos maciços e extensões florestais, percorrendo matas, morros e serras da região, dormindo tantas vezes no chão, imitando à perfeição o latido dos cães, o chilreado dos pássaros, o modo de piar das avezinhas e, de tantos tons de cada espécie em particular, tornando-se com a maturidade profunda autoridade vidente dos fatos históricos e da memória que transcendem ao conhecimento dos que aqui amam o local e as circunstâncias, os fatos concernentes, que rodeiam, induzem, delineiam, formam, confirmam e conformam o torrão em que nasceram.
Conversar com esta figura humana e amiga, surpreendente e cativante, é uma experiência de grande valor cultural e expansão de conhecimentos, especialmente no que se refere a fatos memoráveis da história e memória de Cabreúva. Toma-se conhecimento de aspectos e fatos que corriqueiramente nos passam despercebidos. Aprende-se muito agradavelmente, sobre quase tudo: O trecho onde está hoje inserida a cidade de Cabreúva, rodeada por sua natureza privilegiada, ficou algum tempo mais “virgem” ou preservada, sem colonizar propriamente, no trecho que vai do Bananal até a Gruta, que está na hoje chamada Estrada dos Romeiros. O acesso a Cabreúva, partindo da cidade de São Paulo, via rio ou margens do Tietê, era sumamente difícil e só acontecia pela chamada estrada da Venda do Rio abaixo. Motivo: O Piabirú (caminho indígena Pré-Cabralino) saía da atual São Paulo, vinha até a hoje Santana do Parnaíba, contornava o Voturuma, o morro, e + ou - (mais ou menos) onde está Araçariguama, caía no rumo da Castelo Branco, o que manteve o vale, onde se encontra Cabreúva.
Preservado ou desconhecido, praticamente intacto, era o outro caminho dos Bandeirantes, que vinha de Santana do Parnaíba, cortava a Serra do Japi e caía + ou – (mais ou menos) para onde hoje é o bairro Ermida, além do bairro Jacaré, descendo para essa extensão mais plana, que rumava então para Piracicaba e o Triangulo Mineiro, de onde se bifurcavam caminhos em outras direções, Goiás entre elas.
A Serra do Japí, apresenta escavações pré-cabralinas, em busca de ouro, na altura do bairro Bomfim.
A aliciante conversa com Mylton Ottoni, pelo que ele faz questão de demonstrar, documentar suas pesquisas sobre a história regional, calcado na coleção maravilhosa, “Reconquista do Brasil” de 1954, a qual relata em 70 e poucos mais livros de diferentes e importantes autores, a história dos primeiros tempos do Brasil, de cujos excelentes historiadores, destacamos entre outros, Capistrano de Abreu, Frei Gaspar da Madre de Deus, o jesuíta Serafim Leite, etc. . Precisaríamos convidar Mylton Ottoni da Silveira para uma palestra pública aos cabreuvamos, como parte das comemorações que em breve teremos pela passagem do aniversário de Cabreúva.
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