Erasmo Figueira Chaves
NÃO HÁ PAZ NA TERRA IMPURA !
PAZ NA TERRA , AMOR,
ALMA PURA, QUE SE TRANSFORMA IMATURA
NA AÇÃO IMPÚDICA, EM USURA
DE EM EGO INCOERENTE ? . . .
Paz na terra, Paz na terra
Aos homens de boa vontade! . . .
Mas como? se fazem na terra a guerra
e do céu querem bondade ! . . .
Nesta época alvissareira
de anseios de amor e paz
Todos de alguma maneira
ressaltam ego falaz
Propalam aos quatro ventos
anseios de Paz na terra
mas são apenas rebentos
num Natal de paz sem guerra
Não é a ausência de Guerra
que faz a paz duradoura
mas se o coração descerra
respeito à vida vindoura
Pois ela, a vida, segue seu curso
Vagarosa, em corações mal formados,
e sibilina, em silêncio, tece o uso
e o fuso que faz a trama e os fados
que transformam pomba em urso
a rugir furor e drama,
com o qual se engalana,
um ego inculto, de profana,
tola e mera vaidade grosseira, desumana,
e, em público se vangloria, proclama,
ou meramente se engana:
É o drama da alma insana,
Egoísta, de insofismável verdade,
é a insensibilidade à obviedade
mais simples,
à verdade cristalina
do que é perene à vida verdadeira,
à essencialidade
para a dignidade humana . . .
É o drama da ecologia,
A prevalência da insensatez do
vício! . . .
É o lendário Tietê,
morto de glória presente,
por uma guerra indecente ! . . .
São os rios poluídos, prenhes de líquidos pesados, viscosos,
desbarrancados, que alargam poluição e contraem as narinas
da atônita população, apática,
omissa, ou estática, negligente,
rendida,
amoldada a não sentir, a não ver
sequer resquício de ausência de cio, nem brio, na imunda, líquefeita, pestilenta,
infecta e caótica vegetação. Sem um
gesto de repulsa, sem gemido, sem lágrima, dor, sem um radical protesto veemente ! . . .
Isso sim é dor pungente! . . .
Não há paz na terra, impura! . . .
É o aumento
desmedido da furiosa
ambição, a derrubada das matas,
a diáspora das aves, dos insetos e lagartas, das borboletas violáceas,
é a vida em extinção. Não há paz na terra
impura! . . .
É a escassez de água pura,
escatológico porvir, que cristalina só surge
se algum santo a esconde e cura,
ou nas matas ciliares , que ainda limpam os ares, como a serra do Japi,
algum devoto contrito,
um bom caipira daqui,
zelosamente a procura, prematura,
quando brota em terra dura,
a guarda limpa e, dela não abjura,
convicto do maior bem da natura,
e em santidade madura jura,
gratidão sincera, à vida sã tão segura,
e quase em culto sagrado, mata a sede sem agrura, na sanidade e doçura
da mais fresca, santa e pura,
que é a água, a plena ventura,
brotando sem impostura
das vertentes lá da altura.
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