Erasmo Figueira Chaves
Chegamos ao terceiro quadrimestre do ano. Aproxima-se já celeremente a atmosfera
natalina, essa época em que parece que
os sentimentos e corações humanos se tornam mais susceptíveis e predispostos à
fraternidade e a ponderar com bondade os benefícios perenes da paz entre os
homens.
Mas tudo parece às vezes tão aleatório e sazonal como a matematicidade
das quatro estações. Na realidade a paz
não é a ausência da guerra, mas quando edificamos na paz os alicerces da vida
sã, saudável, justa, equânime, equilibrada,
feliz, perene, em nossos corações e em nossa mente, com o que evitamos aquele desconfortável e terrível
temor da guerra em todas as frentes. Não
são os anseios momentâneos, repentinos, esporádicos ou falaciosos, que
despoluem por exemplo, os rios poluídos brutalmente, essa tragédia, essa guerra infernal diária
que a humanidade inteira, quase sem aperceber-se trava contra a natureza sem
sentir que dela depende tão essencialmente e, quiçá por isso a ama displicentemente, guerra total contra
os rios e contra o meio ambiente, em todas as grandes cidades do mundo, guerra
quase tão imperceptível, insensível,
irresponsável quanto insensatamente.
E é sobre esta sazonalidade, automática, de Paz na Terra, um tanto teórica, superficial,
ineficiente, da humanidade inteira, que
me surgem alguns pensamentos sobre a
coerência e incoerência de nossos sentimentos e sua sinceridade, acerca das
decantadas benesses da paz e da qualidade de vida, que não são meditadas,
criadas, exigidas, em plenitude de autenticidade a cada momento da nossa vida
diária, resultando apenas em repetições um tanto vazias de folclore
espiritualizado. Este é o questionamento que ouso fazer, ao encerrarmos o ciclo
de palestras culturais sobre os 500 anos de história brasileira, e seus
resultados no tempo: Somos ou estamos mais conscientes do que nos é essencial,
culturalmente?
Rodeados como estamos, do melhor, nesta Cabreúva
privilegiada por Deus, com vários dos mais divinos e essenciais bens da
natureza, água, ar e verde,
destacando-se o seu precioso ar puro, como o colocam técnicos geólogos
internacionais, classificando-o em primeiro lugar em pureza, entre poucas
regiões do mundo, da sua exuberante
paisagem, da sua Serra do Japí, patrimônio da humanidade, matizes e contornos inspiradores da mais
espontânea poesia e romantismo, não posso deixar passar esta oportunidade
festiva, em que se comemoram os “500 anos do Brasil” e portanto sua maioridade, nem por isso já
definitivamente madura, momento em que
se diplomam os merecidos vencedores de “Cabreúva em prosa e verso”, sem compartilhar convosco esta conscientização
da mais legítima importância para quem cultuando poeticamente a essência da
vida e das letras, só as pode cantar sem rouquidão e aspirar em sanidade,
beleza, cristalinidade, coerência de
propósito e de ação.
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