Posse do Presidente Benedito Cabral

A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.

Posse Novos Acadêmicos

Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

POIS É ! Mas é só pra quem é ! . . .


Erasmo Figueira Chaves

Pois é ! . . .  Mas é só pra quem é! . . . nas arcadas da Sé ! . . .  Ou às vezes, apenas: Pois é! . . . Mas é só pra quem é! . . .   Frase, assim isolada, meio enigmática, obscura,  sem conveniente explicação,  mas com óbvia e escondida significação, resulta  aparentemente sem sentido, embora ocasional, repentina e repetidamente soe a meus ouvidos surdos e “moucos”, como eco  ôco, sempre atentos à lógica e racionalidade circundante ou reinante em memória distante,  cegamente obedientes à minha mente, que acredito estar sã, arguta, alerta, saudável, fundamentada,  lúcida, sempre predisposta à perscrutação, à razão pragmática, mas provável e  momentaneamente vazia, despreocupada  de apropriada sintonia,  de exigível e acurada visão interpretativa , quem sabe de aptidão desprendada, despretensiosa,  distante, dependente unicamente de eventuais circunstâncias psicologicamente apropriadas. Essa  frase musical, de gosto lírico que entretanto,   insistentemente soa à minha mente como sugestão poética ou vinda magicamente  de longínqua memória atávica, interjeição cuja sugestiva origem perde-se pelos escaninhos do tempo ou em sutis neurônios, nem sempre conscientemente acurados ou ativados,  inteligíveis intelectualmente, mas talvez seja sensação emotiva, sensitiva ou hipoteticamente  apenas telurismo.  Quem sabe? Premissas? Silogismos?  Inferências ? Dúvidas? Quem as não tem?  Busco compreendê-las.  Tento entender o porquê dessa ancestral  risonha repetição  sugestiva.
 Na minha tenra infância  ouvi, ouvi teimosa e claramente essa frase em repetidas ocasiões, de meu avô Alfredo, que nasceu na época da Monarquia, homem arguto , inteligente, perceptivo, crítico sutil,  de olhar penetrante, agudo mas bondoso,  sempre sorridente e que tinha constantemente certa ironia e humor no que dizia, a  quem eu então, tão pequeno,  não entendia  muito bem, mas hoje, com já bons anos vividos, em tanta coisa e vivência, leitura e preparação, nesta imensa seara de um mundo evolutivo, com ativada e  reconfortante memória o venho a entender  ou o  intuo perfeitamente bem, ao carinhosamente recordá-lo. Será que a frase provinha originalmente dele ou significava claramente a repetição de um adágio secular popular?  Talvez venha daí esse som tele inteligível  pelas ondas da percepção  memorial de tudo o que é possível recordar e, dar-lhe o verdadeiro conteúdo ou sentido,   o que é perceptível ao espírito indagador de um ser em formação evolutiva, ambientado emocional e criativamente sob a égide de um globo terráqueo então despossuído de tantas oportunidades como hoje, de boa (ou aceitável?) polêmica ou  pretensa comunicação pedagógica, tantas são  as benesses infinitas, acertos, incongruências, desafios gratos ou ingratos à inteligência, ao ego culto ou inculto,  como são e sugerem  presente e constantemente a internet, o pai Google, as comunicações eletrônicas instantâneas e a fantástica Web, que naquele então inexistentes, impensáveis, não favoreciam a imediata ou pretensa solução dos enormes enigmas ou inquirições postos e dispostos ao raciocínio, à mera inteligente intelectualidade e cotidianidade.  
A frase em questão fala das “arcadas da Sé” no seu conjunto e começa com o assumir, apropriar-se de um “Pois é !” . . .  condicionando-a a seguir por uma asseveração  categórica, a de destinar-se apenas e sobretudo “só pra quem é,!” . . .  ou a quem fosse.  A quem se destinavam os lugares, que estavam privilegiadamente colocados sobre as “arcadas laterais  da Sé,” ou seja arcadas internas do templo?:   Evidente e historicamente destinavam-se à nobreza ou representantes do reino. Onde estava  ou escutava o povo?  :   Na nave central do templo, abaixo das arcadas, geralmente amontoados ou de pé. Mas, onde estavam os nobres, confortavelmente instalados e assentados em cima, almofadados,  sobre as arcadas laterais e,  o povo, obviamente naqueles tempos em seu lugar,  na nave central em baixo das arcadas e em pé.  Para quê?  Para quê estavam nobres e povo juntos no templo à mesma hora?  :  “Pois é” . . .  : para escutar mensagem principalmente em “latim,” obrigatoriamente, ou em linguagem quase sempre erudita,  “idiomas” tais que popularmente dificilmente entendiam ou interpretavam,  mas só o conseguiam eventualmente perceber  um pouco,  os nobres, (talvez alguns) (talvez porventura escassamente, os nobres ou os possuidores de alguma preparação, ou seja a mensagem dirigia-se pois seguramente e só, “pra quem  é”,  ou seja para quem era deveras “alguém”,  que tivesse  preparação adequada para entender o que o preletor, pároco, vigário ou bispo diziam, ou diriam.) Daí esse som , ritmado,   de perfeita concordância métrica,  sintonia e rima, que  toma verdadeiro sentido popular corriqueiro, quando hoje alguém ironicamente remate uma frase que só tomará ou dará verdadeira lógica e entendimento  ao interlocutor, se houver entre os circunstantes alguém preparado para entendê-la:  “Pois é! . . . Mas é só pra quem é !!! nas arcadas da Sé ! . . .”   Quem eram os de alguma “valia,” na espécie de  hipocondria e ligeireza conceitual, que prevalecia naquelas eras distantes em que se formavam necessariamente esses consensos tão risonhamente? Quem eram e onde estavam? Como era a sociedade humana considerada?  Estavam entre o povo? Eram o povo?  Ou estavam entre a nobreza, que tantos privilégios adquirira? Compreende-se melhor agora a ironia da frase, tão argutamente usada pelo povo, principal e potencialmente medroso da eventual reação da  inquisição ou simplesmente da prisão por hipotética discricional , arbitrária ou unilateral razão,  só por emitir uma opinião?
Compreende-se então melhor no presente, o que foi a marcha em busca por patamares maiores de civilização e justiça,   porquê um dia surgiram os ideais iluminados da Democracia-republicana a estabelecer uma nova ordem, a do governo do povo, para o povo e pelo povo, nova ordem que não era necessariamente aquela oriunda do “ poder divino dos reis”, mas contrária a ela,  agora surgia a era do voto popular, simplesmente isso, o voto do povo, que a partir daí o individualizava, o igualava, o responsabilizava então e não o descriminava.  Tanto e principalmente pelo Poder que agora dele emanava através DA LEGÍTIMA EXPRESSÃO de sua vontade: o VOTO.  Que tremenda responsabilidade e desafio !!!
 Será que o povo entende presentemente essa tremenda responsabilidade, essa tremenda evolução, ao fazer uso dessa instrumentalidade fabulosa conquistada, posta ao seu dispor, do significado  de seu poder, o voto,  oportunidade  essa sim, divina e, transcendente ?  Será  que o povo evoluiu tanto culturalmente, desde então,  no verdadeiro e profundo entendimento, potencial e real, dos valores e diferenças em jogo?, ou continua a abanar docilmente a cabeça, imprópria, inidônea, mal calculada, interesseira, compulsiva , inculta e cordatamente,  sem entender o puro “latim” que ainda lhe é impingido?  Que lhe é sub reptícia e habilmente sugerido?
“Pois é ! . . .”  “Mas  só pra quem é” . . . capaz de entender o despautério, a grande tolice, o disparate ! . . .  Mas o correto entendimento como sempre, difícil e infelizmente vem a ser de todos igualmente.  Continua a ser principalmente “pra quem é”. . . sabichão habilíssimo por “profissão” pela vida inteira, na esfera do Poder  conceitual, sempre atualmente delegado candidamente pelo povo,  dos que se constituem pomposamente “representantes servidores do povo”, da Nação,  quando eleitos, ao seu mero e pessoal parecer interpretativo, não necessariamente ético nem moral, mas afinal legal,  pois foram legalmente pelo povo eleitos. Quando discricionariamente, sem obedecer a qualquer freio moral ou ético, quando  egoisticamente lhes pareça “justo, próprio ou digno”, quando desprezando até a negativa repercussão popular momentânea, decidem soberanamente até legislar em causa própria, aumentando seus próprios salários já astronômicos, tão desproporcionais aos do povo que os elege cândida e repetidamente, deixando-os pessoalmente com sorriso nos lábios,  de consciência meramente tranquila. O Poder,  continua a ser,  só pra quem é,  ! . . .  nas arcadas da Sé !!!   
Precisamos estar preparados, alerta, conscientizarmo-nos todos, com ou sem fé ,  no que representa viver, sofrer compreensivamente, motivar-nos a  lutar acurada, viril, inteligente, talvez erradamente, (quem sabe?) pelos lídimos ideais do conhecimento, do entendimento das circunstâncias em que estamos todos envolvidos,  para não sermos mera envoltura,  como “cumplices” reais nas tramoias de nossos democraticamente “eleitos” representantes. Estejamos lúcidos, absolutamente cientes de que é na  EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO, de cada um,  onde mora florescente  esperança fundamentada  e de onde sorri generosamente a redenção da Liberdade, Igualdade e Fraternidade ! . . “EDUCAÇÃO, ORDEM E PROGRESSO”  eis um Lema mais consistente para a nossa gloriosa Bandeira.  Assim seremos um só povo, digno, sábio, unido, sem descriminações e sem a necessidade do confronto  enigmático com pergunta corriqueira de eventual risonho  adágio popular.
Exerçamos com determinação diligente e inteligentemente os direitos humanos, hoje disponíveis, embora ainda não devida e  suficientemente entendidos,  transformando-nos, valorizando-nos, dignificando-nos em primeiro lugar, não apenas por consciente e madura vontade democrática própria tão necessária, mas cultivando vivência ética e moral apropriadas e dignificantes, com a consciência apurada da interdependência, com esforço esperançoso na prática luta pacífica e profícua pela igualdade, pela qualidade, pelo conhecimento e pelo bem de todos,  embora sujeitos e  obrigados legal e  periodicamente a cumprir compulsoriamente o ritual do voto, hoje praticamente abstraídos do seu valioso e importante significado.   Dessa forma, voto vendido ou comprado, mansa, inocente,  ou manhosamente levados, orientados e conduzidos por palavrórios balofos da propaganda eleitoral enganosa, tão descaradamente ilusória ou antidemocrática,  nem ao menos nem apenas,  por sabermos muito bem, compungida e claramente rever na história o horror retrospectivo que foi a imposta era das galés! . . . Do  olho por olho e dente por dente, do que foi a incrível era inquisitorial, em que simplesmente se queimava o “corpinho” de um infeliz para “caritativamente” salvar-lhe a alma.   Mas lutemos, lutemos corajosamente, com dignidade insofismável e constância, inteligente e pacificamente, por sabedoria,  sem ódio, sem qualquer espírito de vingança,  tendo no coração e na mente o sentido responsável do Amor ao próximo, da dignificação pessoal e do profundo respeito ao  BEM COMÚM, dedicando generosamente à civilização a parcela de poder de que estamos investidos,  sobretudo conscientes do propósito de votar bem, que é a nossa legítima arma de luta principal, junto ao testemunho do exemplo e da palavra honesta, para escolher correta, idônea e acuradamente o trigo são e puro, entre o montão de joio. Para ELEGER com soberania e dignidade, sem sermos naturais dóceis instrumentos de nossas particulares , secretas, inconfessáveis e impróprias ambições desmedidas, quanto indevidas, elegendo em sanidade de propósito, nas  condições que conduzem ao bem estar, à salubridade da sociedade, à honestidade, ao real BEM COMÚM , nossos futuros reais  “representantes” e  “servidores” do BEM, na ideal democracia, republicana, representativa, informando-nos primeiramente, sabendo perfeitamente bem  de antemão quem é quem,  quem realmente são os que se propõem à candidatura, o que pretendem, que potencial honestamente expressam, que honrada, democrática e republicanamente, com inegável dignidade, poderão  representar-nos   competentemente como servidores dignos da nação, e, portanto do povo que lhes delega o poder ! . . .

Cabreúva, 26/01//2013

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