Posse do Presidente Benedito Cabral

A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.

Posse Novos Acadêmicos

Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um Natal Inesquecível

Ariel Mariano


Durante nossa existência, vez ou outra temos a oportunidade de através de um gesto ou providencia, mudar nosso destino de forma inexorável.

Com alguma sorte, mas menor freqüência, tal gesto pode alterar o destino de nossa comunidade e mui raramente alterar o destino de toda a humanidade.

Vamos narrar aqui, um acontecimento em que tal aspecto esteve na eminência de acontecer.

O ano de 1914 será lembrado pela eclosão na Europa da Primeira Grande Guerra Mundial. A partir do dramático atentado ao Arquiduque da Áustria em Sarajevo, resultou no estopim para que os paises europeus deflagrassem o conflito, sem precedentes, como se tal fosse de uma inevitabilidade histórica.

Na verdade não o era, mas os sequiosos de poder e gloria vil queriam mais era o de arrastar seus paises, uma vez mais numa guerra. Esta se tornou diferente do que ocorrera até então, notadamente pelo desenvolvimento tecnológico. Assim foram empregados os mais modernos equipamentos bélicos em larga escala como fuzis de repetição, morteiros, granadas, bombas de médio e longo alcance, carros e navios blindados, gases mortais e a mais temível das armas, a metralhadora.

As batalhas deixaram de ocorrer em campo aberto, mas em trincheiras. Como resultado, os avanços eram ínfimos e tanto se morria belas balas, bombas ou gases, como de fome e frio nos lodaçais das trincheiras.

No front ocidental, combatiam de um lado os alemães e do outro, ingleses. Todavia na noite de 24 de dezembro de 1916, ocorreu um acontecimento extraordinário. Subitamente, os alemães deixaram de bombardear ou tentarem avançar nas hostes inimigas. Os ingleses, diante do silencio, se mantiveram em posição de retaguarda, igualmente silenciosos.

Em dado instante, identificaram que os alemães haviam iluminado com velas algumas poucas arvores existentes no campo de batalha. A principio pensaram que se tratava de uma escaramuça, mas depois ao ouvirem de longe o cântico dos alemães a entoarem canções natalinas, como resposta, passaram também a cantarem seus próprios hinos.

E assim se passou à noite, sem que um único tiro fosse disparado, numa trégua surpreendente.

Na manhã seguinte, pelas primeiras horas, aproximaram-se alguns soldados e suboficiais alemães junto às tropas inglesas, desarmados e portando uma bandeira branca. Ao serem recebidos pelos ingleses, solicitaram que fosse estabelecida uma trégua durante aquele dia a fim de que os soldados mortos de ambas as partes que jaziam no campo aberto fossem enterrados, pois se consideravam todos cristãos e consistia uma grave ofensa permanecer insepultos na data mais expressiva de sua religiosidade.

Feita a combinação, passaram à execução do quanto tratado. Durante os trabalhos, os soldados das partes passaram a manter um contacto mais direto. Alguns soldados alemães pediram as tropas inglesas que fossem enviadas cartas suas a parentes e amigos que moravam na Inglaterra, já que os serviços de correio haviam sido suspensos em razão do conflito. Pouco tempo depois, passaram a trocar parte de suas provisões. Os alemães a oferecerem cerveja, os ingleses, comida enlatada e fumo.

Há certa altura, alguém, sugeriu que fizessem uma partida de futebol. Por mais crível que tal idéia fosse concebida, o jogo aconteceu num improvisado campo em meio às trincheiras. Quanto ao resultado da peleja, durante muito tempo se discutiu qual tenha sido, mas as fontes mais confiáveis apontam para a vitória pelos alemães pelo placar de três a dois. Em meio à confraternização nenhuma bala, nem mesmo perdida, foi disparada, reinando assim uma estranha calmaria no campo de batalha.


No dia seguinte, os generais, temerosos do enfraquecimento moral das tropas, de parte a parte, ordenaram um maciço ataque às forças inimigas. Parte do contingente foi inclusive substituído.

Durante a batalha a que se seguiu, muitos soldados dos dois lados, recusaram-se a desembainhar as baionetas, outros apontaram seus fuzis para o céu afim de não atingirem seus inimigos e ocorreram de fato, vários suicídios por conta de quem julgava ser a guerra algo indecente demais para se levar adiante.

Em menos de quinze dias, noventa por cento daqueles combatentes pereceram naquele campo de batalha ou em outros, a guerra continuou se arrastando igminiosamente, para acabar sem nenhum resultado pratico, exceto para o de propiciar elementos para um novo conflito de proporções ainda maiores menos de vinte anos depois.

A tal Primeira Grande Guerra, resultou no extermínio de mais de dez milhões de pessoas, a maioria militar.

A historia aqui narrada, não consta, é claro, dos registros oficiais tanto alemães quanto ingleses, mas é o resultado de pesquisas realizada muito tempo depois por historiadores e foram obtidas graças a anotações nos diários dos combatentes e cartas enviadas a seus familiares que resistiram ao tempo.

Proceder à leitura das referidas é algo pungente e claramente identificador da bestialidade e da inconseqüência de quase qualquer guerra.

Passado tanto tempo deste notável acontecimento, é presumível de se argüir, porque afinal, se tais soldados, sabiam que o conflito era intolerável, se iam morrer, como de fato o foram, porque em nome de Deus, não se amotinaram?

Porque não prenderam seus belicosos e ensandecidos oficiais mesmo que um ou outro, para convencimento tivesse que ser fuzilado, a bem da causa?

Porque não retornaram a seus paises e depuseram seus comandantes e monarcas que tiveram vida boa até ao final de suas estúpidas vidas?

Covardia? Falta de coragem? Cremos que não. O motivo principal foi o de não terem ousado mudar o curso de suas vidas, de dobrarem a esquina da história, de aceitarem passivamente o que todos diziam, “guerra é assim mesmo”, quando sabemos que poderia ter sido diferente.

E o que tal evento pode passado tantos anos servirem de exemplo a nós maçons?

Justamente para identificar a não sermos passivos como eles foram para termos determinação em mudarmos governos despreparados, corruptos e incapazes de satisfazerem as necessidades mínimas de nossa pobre população.

Por não aceitarmos mais a que se locupletem permanentemente à custa do sangue dos menos favorecidos; destes sanguessugas da pátria, ávidos do poder e da cobiça.

Déspotas do poder que na calada da noite, riem de todos nós, a julgarem que tais crimes permanecerão impunes por todo o tempo.

Ousemos tira-los do poder, para sempre, com todos os riscos que assim se fizer necessário, mesmo que, seja necessário o sublime sacrifício de nossas vidas, já que a linguagem das flores eles não se fazem por entender mesmo.

E lembremos a todos que se assim não o fizermos, nossos sucessores, daqui a algumas décadas, poderão como nós hoje, contarmos não a história de vinte e quatro de dezembro de 1916, mas para espanto deles, a nossa própria.

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