De que vida falamos? Do eco repetido das notícias nefastas e da devastação da esperança no Oriente médio? De que vida realmente falamos? Do eco ... eco ... eco repetido à exaustão, renovado, insistido, reproduzido como velho disco de vinil riscado, a repetir-se abulicamente esquecido, respondendo ao infinito na mesmice vibratória? De que vida falamos? Da eterna marcha marcial cadenciada, funesta e uniforme dos esquadrões romanos? Dos foguetes ricocheteando sobre cabeças humanas ou da incrível convicção dos “homens bomba” que se matam e matam inocentes por lealdade à fé e ao amor divino? Do massacre da irônica ”Praça da Celeste Paz”? Ou o da praça de touros de Sevilha? Ou do episódio de wounded knee, de desgraçada memória? Correm os séculos e o mesmo arcaico som cadenciado e repetido, a marcar o rumo da tragédia, da barbárie, da obnubilação do espírito e da razão transcendente, a mera história a relatar objetiva e abulicamente a pobre realidade da câmara lenta evolutiva do espírito humano, a preguiçosa cadência no repetido e mesmíssimo eco dos egos, vaidades, projeções políticas, interêsses vitais, sonhos pátrios mirabolantes, e planos “redentores” de todas as épocas invariàvelmente, desde Sargão, de sumérios, babilônicos, gregos, troianos, romanos e Napoleão? . . . Das ordas, crematórios fumegantes e nauseabundos do nazismo hitleriano? E não falemos das Guerras dos cem anos, dos trinta anos, da dos 6 dias, das de nem sei de quantos mais dias, da das Malvinas, dos incomensuráveis e permanentes cheiros de latrinas, das irrecusáveis “Razões de Estado” e da guerra do Paraguay, para não tornar enfadonho e muito perto de nós todo o dantesco histórico e, muito longo o ecoar atordoante dos ecos intermináveis do nefasto, das diásporas ou dos holocaustos. Pobre histórico humano de indigna civilização, que não aprende com as hecatombes que provoca, que não consegue encarrilhar na cultura autêntica da Paz, quando a aspira afinal humanisticamente, mas só consegue lutar fratricidamente para impô-la, sem jamais portanto usufruí-la com perenidade. Como se a Paz pudesse ser imposta, se não for devida, religiosa e intimamente cultivada e expressa no comportamento diário do animalesco humano. A realidade parece ser de que a guerra é principalmente o que define a sua natureza e não a Paz. Que contra-senso a ressaltar a vetusta filosofia dos opostos do pré-socrático Heráclito, em que a discórdia era a condição básica do mundo natural, em que tudo estava em movimento e mudança contínuos.
Que sons são esses que se repercutem no ar, trespassam barreiras, olhos e ouvidos, intensa e permanentemente, cujo eco incessante nos chega de tão longe, cadenciada e repetitivamente, repleto de emoções vibrantes, atravessando espaços, séculos, milénios, incontáveis gerações, envolvendo vidas infinitas, profusamente submissas e dóceis à cadência apaixonante, empolgante, comovente, matematicamente precisa, vibrante, ao som delirante das fanfarras, das marchas, do uníssono som das trombetas de Jericó, ao rufar dos tambores e cânticos guerreiros, do compasso cadenciado e marcial das pesadas, grotescas e ferradas botas de couro rústico em passos bem marcados, retumbantes, belicosos, de sanguinolentas, reais ou pretensas glórias e heróicismos ? . . .
Que eco mais constante, interminável, permanente e marcante na história longa e vasta, nem sempre, ou quase sempre, nada edificante!... Que eco mais cheio de nuances e gritos lancinantes de dor, horror, paixão, vitória ou derrota! . . . Ecoam em jogo eterno constante todas as dualidades, radicalidades, ambigüidades, paixões e ódios, em busca de afirmação e múltiplas verdades, em cada coração, em cada sentença, em cada lado das contendas, em cada ego, cada vez mais impedernido ! . . .
De que vida falamos? Da superação da barbárie, da fome, da injustiça, da opressão? Da sedimentação e expansão da cultura ?; da construção civilizante?; da vitória da razão inteligente, transcendente sobre a matéria aprisionada, que apenas titubeantemente se assoma à consciência de massas dependentes e vítimas de seus próprios votos, intenções, comportamentos frustrantes e decepcionantes de corruptos governantes e TVs. contemporizantes, imbecilizantes?; da obediência disciplinada, sem crítica, sem análise individual, apenas cega, incondicional, da forma que nem Deus assim exige, mas massa constituída sempre ególatra, ignorante, altaneira e empolgada por ritos, ritmos e cadências de mistérios ancestrais, admiradora sem o saber dos métodos, arrogâncias e anais de Sargão e Nabucodonosor, dos mitos, entusiasmos epidérmicos e valores que pululam nosso espírito e nossas mentes, nossos jornais, revistas, escolas, academias, universidades, esquinas, becos e ruelas, sem discernimento, sem qualquer resquício de altruísmo, em cujas memórias genéticas e eletrônicas, permanecem latentes e atavicamente as raízes mais recônditas de nossa história neurônica, adormecidas massas abúlicas, fechadas ao essencial do espírito, prestes a despertar sempre com sub-reptícias, incontidas e deletéreas explosões de total inconsciência desvairada, que tudo aprovam e logo reprovam, que tudo atraem e logo repudiam, que tudo assentem mesmo com acinte, como se tudo fosse ilimitada explosão de alegria e desfile carnavalesco, um eterno oba, oba, como se tudo fosse simplesmente questão de moda a imitar e a seguir, sem necessidade de interiorização pessoal consciente, em busca ou afirmação de sentimento, do sentido humano evolutivo do espírito, da razão pragmática e da opinião definitória, comprometida, amadurecida e individualizada, como se tudo fosse eterna dependência de um destino misterioso, de um momento, variação, sorte ou azar do clima, do humor, amor ou desamor, gosto ou desgosto, ética ou estética, ódio ou ciúme, tática ou estratégia, acerto ou desacerto, simplória confirmação ou condescendência por falta de “tecnologia específica” ou treinamento oportuno, do momento ou segmento para a vida plena, livre, humana, participativa, contribuinte, digna e responsável . . .
De que vida falamos? Se da Paz não conhecemos a perenidade! Se, sendo a Paz tão essencial à felicidade e à dignidade humanas, ela continua a não depender de nós, que não sentimos nenhuma responsabilidade pessoal e direta por isso, pois depois de tantos milénios e documentação gritantemente dantesca, espantosa e incandescente, a partir dos primórdios do alvor da humanidade, ainda não sabemos nem aprendemos a respeitá-la conspicuamente, a construí-la e estabelecê-la em plenitude e perenidade! Se, ainda os teólogos de Deus, preferem perscrutar e acreditar, que Deus em Sua bendita e plena sabedoria, continua a escrever direito e a estruturar o bem por linhas tortas, um maniqueísmo cômodo sem responsabilizar-nos principalmente a usar nossos braços, nossas mentes, nossos corações, nossa sensibilidade, nossa honestidade, nosso intelecto, nossas ações, o imenso potencial vocacional em um corpo criado em perfeição estética e tecnológica, templo de perfeição para exercer o bem, nossa responsabilidade, nossa percepção inteligente, nossa vontade e capacidade de superação, nosso dever, nossa dignidade, nossa ação direta, individual, disposta e decidida, nosso amor sincero, honesto, puro e verdadeiro, nunca jamais fanático ou sectário, como instrumentos maravilhosos à Sua inteira, Soberana disposição, no alcance dos Seus bondosos, amorosos, diáfanos, redentores e feéricos desígnios. . .
De que vida falamos ? Se mal balbuciar sabemos e tão deficientemente pronunciamos a palavra balsâmica de amor que ansiamos, a qual também dizê-la a quem amamos, bem a negamos, tão covarde e egoisticamente e, ao altruísmo amoroso renegamos, se a falar sinceramente “Eu Amo,” a Deus, à natureza, à humanidade, aos meus amigos, à família, à sanidade da vida plena, livre e responsável, definitivamente renunciamos! E não o exemplificamos !!! E não falemos de nossa maior dificuldade em dialogar com o perdão ! . . .
De que vida falamos? Se não nos apercebemos que ao não dizer ou não poder dizer com alegria “Eu Amo e exemplifico na ação”, do significado do amor nos afastamos, e assim da Paz e da vida, pois sua essência e fruição só no amor se vivenciam, e todo o bem, Graça e promessa afável, cordial e humana, de nós se distancia, e, porque a paz e o bem e o amor automaticamente de nós se distanciam, dessa suprema Graça abdicamos, e só passamos portanto a saber e poder realizar o que objetiva ou subjetivamente detestávelmente odiamos, todo o oposto a que aspiramos. Cresce então incontrolavelmente, por ego inculto e desgraçado o que só em cálculo e pretensão exercitamos, na aparência ou semelhança de uma vida que imitamos, mas a qual na sua essência e virtualidade, jamais de fato laboramos, cultivamos ou edificamos para a perenidade, inabilitados pela eterna opção da errática trilha que trilhamos.
De que vida falamos? Se quem fala de Paz, calcula apenas que vantagem tirar do lado em que ficar, e quem fala de guerra propala aos quatro ventos que o faz também pela Paz e por democracia, como bens Soberanos e Supremos, assim nos convenceram e nos convencemos,
sem os quais não há padrão de vida nem dignidade que os mereça, sem que a fé na vida se esmoreça! . . .
De que vida falamos? Se na eterna e cínica proposta de boas intenções, há mais sonhos, ilusões e falácias que efetivas realizações e na enorme pirâmide das fartas pretenções, e intenções, não aparecem clara e firmemente, padrões de consistência, coerência, lealdade, constância a princípios e razões, sentido de missão e a “DIGNIDADE HUMANA” permanece então anquilosada, enrijecida, apenas um “palavrão” habilmente guardado nos porões da conveniência ocasional, à espera que o acaso a manipule, a administre em contadas gotas, de escolhidas, consentidas, visionárias e oportunas ocasiões.
De que vida falamos? Do eco . . . eco . . . eco repetitivo , como o guincho, gemido, canto ou cantilena prolongada e dolente, do carro de bois antigo, de rodas maciças, cuja contribuição incontestável pertence agora aos dourados resquícios do histórico folclore, decorando jardins, única serventia prática que lhe resta, empolgando contudo antropólogos, sociólogos, filósofos, historiadores, teólogos, pensadores e ainda algumas poucas e crédulas mentes, da maior sanidade motivadas, e cuja lucidez sabe bem discernir que valores, anátemas ou estigmas herdamos da pré-história da “civilização” humana, os quais precisamos cirandar urgentemente, separá-los, digerí-los, definí-los cristalinamente, compreendê-los holísticamente, inteligentemente, para libertar-nos, para tornar-mo-nos autores, atores e não meros e indefesos espectadores, para não nos acomodarmos a conviver, a viver a ladaínha pachorrenta, repetitiva e irresponsável do atraso, vitimas do eco do nefasto, das ameaças constantes de hecatombe e de uma realidade sociológica lenta, odienta, ilúcida, hipócrita, duvidosa, traiçoeira, insegura, de um cínico equilíbrio constantemente dúbio e frágil, resultado tantas vezes da manipulação tecnológica e “sábia” da psicologia, para alcançar o sucesso da “causa”, da venda, da “carreira”, dos interesses do partido, e tão raramente da pessoa humana. Lucidez necessária para aperceber-mo-nos do que precisa ser salvo, conservado e do que se nos exige transformar, mudar, atualizar, escolher, autenticamente reformar, restaurar, revolucionar. Honestamente buscando imparcialmente ressaltar e resgatar as prioridades da vida e a dignidade humana!
Falemos portanto a linguagem da vida plena, da qualidade da mesma, inteligente, honesta, transparente, livre, dinâmica, corajosa, verdadeira, documentada, de coração e mente abertos à ação, à generosidade do amor, à justiça e reconheçamos o acatamento racional de nossa quota-parte pessoal de participação social na injustiça, à responsabilidade pessoal, quanto à nossa definição e ao futuro, como nos exige a “DIGNIDADE HUMANA” e a PAZ UNIVERSAL.
Criemos, originemos, repitamos alegremente novos e eternos ecos !. . . Trasmitamos, comuniquemos com o exemplo de nossa vida pessoal , esses agora conscientes, agradáveis e mensageiros novos sons, novos, embora sempre tenham estado pairando telúricamente na eternidade dos tempos, ao nosso redor e ao nosso alcance, mas a que não os temos ouvido com vocação cristalina, como têm estado e, a esses sim lhes temos dado ouvidos, os velhos ecos e sons. Ouçamo-los agora com o melhor de nossos dons, imbuídos do espírito santo da VERDADE, seja ela qual seja a verdade verdadeira, mas na pureza e sanidade de nossas mais legítimas, honestas, leais e eficientes proposições, de nossas esperanças, de nossos julgamentos e atos, de nossa intervenção e testemunho consciente, para que sejam para sempre alvissareiros os ecos. . . ecos . . . ecos . . . de boas novas para a humanidade em toda a eternidade das gerações futuras.
Erasmo Figueira Chaves
Análises, Penas, Temas e Lemas
Posse do Presidente Benedito Cabral
A Academia Paulistana Maçônica de Letras realizou sessão solene de posse do Presidente Benedito Cabral, no dia 16 de julho, às 10 horas, na Avenida Paulista, 2001 - 13º andar, em São Paulo.
Almoço de Confraternização no Restaurante Picchi, Rua Oscar Freire, 533.
Posse Novos Acadêmicos
Álbum de Fotos do evento em comemoração aos 17 anos de fundação da Academia Paulistana Maçônica de Letras e da posse dos acadêmicos Luiz Flávio Borges D'Urso e José Maria Dias Neto.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009
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