Erasmo Figueira Chaves
“Posso fazer tudo o que qualquer homem faz,
até dirigir caminhão, manejar britadeira ou pilotar avião
e ainda dar à luz,
o que o homem até hoje nunca fez, nem fará”. . .
Assim
respondia em síntese, orgulhosa mulher que ao repórter afirmava em
peremptória sentença, numa dessas entrevistas de T.V. dominicais,
marcando a marcha dos tempos e dos ventos estivais.
Aí, está dito tudo, para pôr fim à necessidade um tanto belicosa, militante,
mas atuante da polêmica feminista :
A
mulher é a “matriz”, onde a vida encontra as condições plenas, ideais,
totais, para torná-la motriz e instrumento feliz, glorioso da história.
O homem é principalmente semente e complemento,
a “Matriz” é o fermento ! . . . É a terra onde germina o pão do seu tormento,
através
de sacrossanta unicidade, que foi afinal a que lhe tem sido
surdamente negada, a plena parceria participativa igualitariamente.
O
enfoque fundamentalmente resume-se a isso, à objetividade do mecanismo
biológico, sem o que a vida humana naturalmente não é possível, por mais
que teologia, ciência e cientistas, com certo resquício de ciúmes, o
tentem frustrantemente contrariar. Eis a única diferença,
inconfundível, absoluta e mágica : a essencialidade dos processos
naturais conducentes à realização volitiva da
transcendência,
pela união das diferenças e compreensão íntima do que se constitui
mensagem estimulantemente misteriosa de perenidade. O restante é
igualdade absoluta dos sexos e, cada um ao seu desafio ! . . .
Talvez sem tanto romantismo . . . Mas certamente com muito mais agudo e objetivo sentido gerencial da justiça igualitária.
Ou preferiríamos aqueles saudosos tempos em que o saudosista cantava os expressivos, bucólicos, evocativos, risonhos e deliciosos versos :
Ai que saudade de Amélia . . .
Nunca vi fazer tanta exigência
nem fazer o que você me faz,
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus que saudade da Amélia,
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter que comer
E quando me via contrariado
Dizia, meu filho, que se há de fazer? . . .
Amélia não tinha a menor vaidade,
Amélia é que era mulher de Verdade,
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade ! . . .
Música: Ataulfo Alves
Letra: Mário Lago
Ainda bem que todos entendemos o espírito brincalhão, risonho e leve
desta história deliciosa. Que já quando escrita e musicada pela
primeira vez, pretendia ser graciosa ironia. Como aliás muitos fatos
históricos da sociologia evolutiva nos resultam hoje graciosa ou trágica
ironia . . .
E assim marcam os tempos sua tônica, sem túnica, erigindo sua história ...
Os tempos andam mudados
e a mudar vão corrigindo
os erros já desatados
às injustiças, sorrindo,
mas nem por isso, estragados,
ou melhor aproveitados,
esquecem como foi vindo
essa mudança aos estrados
e palcos , que vão florindo . . .
Na beleza dos provérbios, quanta canção de ninar,
quanta alabança de sonhos à mulher dos idos paramos
que o cantor bíblico sabia como cantar e louvar,
como enfeitá-la de louros à sombra dos velhos álamos,
como adorná-la, adulá-la, para com ela cantar
o sentimento mais puro que é sentir SER, ao amar
Cabreúva, 8 / 3/ 2013
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