Erasmo Figueira Chaves
Mãe, só há uma! ... Candura, Ternura, popular vozerio,
Adágio, Provérbio, para leveza de pluma, com espírito santo e pio,
Alçado em voz de trovão, cantado com o seu perdão,
Soberba altiva em palácio de abastada raiz ou em simpleza modesta,
Na imensa margem de rio a correr brando ou bravio...
Mãe, só há uma? ... Quantas, quantas vezes
Numa só vida de fato, são, nossa, são muitas mais! . . .
São duas, são três, são quatro, cinco, seis, quantas vezes infinitas
Requeira a maternidade, formada em reta cerviz
Boa cepa, e sã matriz.
Mãe casada, mãe criança, mãe solteira, mãe por acaso ou besteira,
inconsciente, radiante como excelsa imperatriz, de boa ou de sã raiz,
sempre será verdadeira
na motivação motriz,
Às vezes é inconsistência, infância mal conduzida, tantas vezes só rasteira, ignorância, impudência,
por falta de boa esteira
Onde apoiar a vivência, em meio a tanta carência, instrução como aprendiz,
por não ter onde espelhar-se, numa infância de ausência,
por não saber, pura e simples, que fazer pra ser feliz ou quiçá tão infeliz,
por irresponsabilidade, por ser mera
inconsciência
De ancestral paternidade,
sem ter real consciência do que é
a sanidade e a total vitalidade
a verter lágrimas legítimas,
sem as quais, puras e santas,
do Gólgota o sagrado choro,
pra lavar tantos pecados
da inconstante humanidade,
não teria validade.
Mãe, Benção, Sacrifício,
Constância, Abnegação, noção de ponderação, de equilíbrio e de bom quício,
A presidir todo o drama que gerou dor
por amor
À vida, no seu início.
Santa dor inspiradora,
Operante, Realizadora,
Que nos revela o Poeta
Máximo de nossa cultura,
“Quem quiser passar o Bojador,
Tem que passar além da dor” ! . . .
“Oh mar salgado,
Quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?” . . .
“Por te cruzarmos,
Quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram,
Quantas noivas ficaram por casar?” . . .
Assim é a dor de mãe,
De qualquer idade, de qualquer cor, de qualquer sociedade,
de qualquer tugúrio ou cidade, situação, caminho, milagroso fim, trilha, risco, mesmo tendo a vida por um triz,
Dor reveladora,
Impaciente, exigente de conformação e brio
Virtuosidade estimulante da criação,
cedo ou tardia,
com ou sem sentido do certo ou do errático,
do sentido do dever e do Amor,
quando é levado aos píncaros da dor.
Mesmo não sendo bonitas, quanta beleza a brotar
Da casa de palafitas e da verdade de amar.
A darem vida, que em vida quase a não têm vivida
Em suas limitações, só vida de mãe sofrida
Amalgamada de dor por essa vida querida
Que é fruto do seu amor!
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