O verbo e as Letras

Ir. Erasmo Figueira Chaves

As Letras, que douram, revelam talentos e vocações, são expressão e instrumento gratificante, para quem as esgrime ou pratica, de as fazer alcançar, projetar ou documentar no tempo e distância, o que a forma verbal vital do instrumento divino da comunicação, do que somos e pensamos, a fala, o verbo, não consegue alcançar : a perenidade virtuosa ou essência de tudo o que neurônios, mente e coração, o sistema psico-somático, a sensibilidade, a percepção inteligente, a ALMA em sua plenitude e expressividade, foram adquirindo do mundo holístico que nos rodeia, desde o começo da captação ultra-sensorial, a partir da concepção, e durante a experiência toda da existência e do quotidiano, até a virtuosidade de poder compartir generosa, decidida e democraticamente tudo isso com a sociedade, com os amigos, com os menos amigos, com entes queridos e semelhantes, partidários ou contrários, na intenção, especificidade e conteúdo contributivo, austera ou diletantemente para sempre, não importa quando, quanto e onde estejam, em páginas cheias de intenção, titubeios, sabedoria ou autoridade, transmitidas “ad infinitum” através das "letras", - assim chamamos ao verbo eternizado, com substância e vida, - sujeitando-as ou submetendo-as ao livre exame de quem o quiser e puder exercer.

Como acadêmicos maçons, ou homens de fé, acreditamos na transcendência de nossos atos, na ação fiel a ideais humanitários, e cremos arraigadamente na edificação de um mundo cuja essência de amor e justiça se expressará igualitariamente algum dia, para o que, a lídima e madura crença, a liderança, atitude e testemunho dos que assim creiam , vão contribuindo eficazmente, construindo em âmbito restrito primeiro, um estado espiritual redentor. E assim, ante as realidades candentes e fatos inexoráveis da vida, muitos dos quais nos reclamam testemunho e ação competente, corajosa, urgente e sensata, respondendo espontânea e humildemente aos apelos dessa convicção moral interior, segundo a qual “muitos são os convidados, mas poucos os escolhidos” Mt.22:14, sem sofismas, ou mesmo com eles, vão deixando grafadas em letras, seus autores, sincero cultivo, uma contribuição genuinamente aumentada daquilo que a essência imortal do escritor, na sua ductilidade, vocação e inspiração, em espírito, amor e verdade, gratamente recebeu, elaborou, agregou, concluiu, por sua natureza, esforço e dedicação e que depois, em expressividade esculpida e burilada desde a primitiva época da escrita cuneiforme, perpetuadas para sempre pelas letras, instruídas em aprumo de estilos, gostos, ênfases, sinfonia orquestrada de entusiasmos ou serena meditação, peculiaridades da mais vasta ou variadíssima originalidade, em obra acabada, ou apenas começada, vislumbrada, se oferece convicta e bondosamente à consideração de todos pelas gerações afóra, “ad eternum”.

Na imortalidade, ansiedade ou afirmação dessa "fala" perene maravilhosa, eternizada nas Letras, com as quais visionariamente se poetisa, se lavram textos e gravam sentenças, e tantas vezes infelizmente apenas pretensões, a nossa Academia Paulistana Maçônica de Letras, cônscia das realidades e limitações, mas sempre perfilando no conspícuo cultivo do espírito da verdade e em atitude de humildade samaritana, ativa, pretende com seus identificados e laureados acadêmicos oferecer contribuições, modestas que sejam, mas sempre legítimas e autênticas, para o melhor entendimento do que possa ser o cultivo sincero, o estudo, a edificação do pensamento, o testemunho digno, expressando-se cada um documentalmente, na união e na fraternidade, votados e dedicados todos à busca de melhores plataformas de compreensão e dignidade nas relações humanas, com o são o objetivo e a profunda convicção de estar respondendo com coerência, ao apelo e à responsabilidade que nos demandam a cada dia a sociedade, a humanidade e a Pátria. Tudo isto aspiramos e fazemos para Glória e gáudio do Grande Arquiteto do Universo e Sua desafiante, inspiradora e transcendente Obra.