Erasmo Figueira Chaves
Amanhecer do dia 31 de dezembro de 20011. Chove ! . . . O ano que hoje se esvai chora, chora, chora porque vai-se para não voltar, assim espero, por vontade inevitável, soberana e própria.
Para alguns, poucos, que agudada e criticamente usam o soberbo dom do criterioso pensar e da análise consciente e consistente, este ano de 2011 já vai tarde, tarde demais, ano matreiro, que se esgueira sorrateiro pela porta traseira, sub-repticiamente, escondendo o rosto, de olhos no chão, para não encarar olho no olho, a multidão imensa dos injustiçados de toda a ordem, pela crise dramática visível ou disfarçada, encoberta, que se eterniza encarniçadamente em suas vidas e esperanças. Para outros, a crise foi, ou é, apenas e tão somente, o resultado de estratégias que não deram certo para todos em geral e, para si em particular, que esperaram do crédito irrestrito esparramado, a redenção que deveriam ter esperado do trabalho digno, disciplinado, responsável, constante, consciente e honestamente conquistado.
Para Vereadores, Deputados e Senhores Senadores da República, da maioria dos Estados, cidades e arredores brasileiros, até que a dor e arranhões não foram tantos, como, por exemplo, o aumento modesto de salário de 62% em seis capitais do Brasil, para si próprios. A alegria desenfreada do crédito desbragado nos E.U.A. e na Comunidade Europeia, por ambições políticas impróprias principalmente, que revitalizaram, arraigaram tão irresponsavelmente oportunismos, politiquices, politicagens e ambições desmedidas, meramente econômicas ou insensatamente humanas, sem conta.
No Distrito Federal do Brasil, a volta inconcebível do Sr. Barbalho, às lides do Senado, por ordem peremptória e unilateral de um dos três pilares em que se assenta harmonicamente a República Democrática Constitucional, nada menos que a “Justiça”, neste caso e outros conhecidos, INJUSTA, como a liberdade concedida ao foragido e comprovado internacionalmente assassino, pela Justiça italiana, decisão, nada imparcial mas Injusta, injusta repito, com o povo, de onde emana afinal teórica e constitucionalmente, o poder na República Democrática, povo que aspirou crédula, paciente, documentada e publicamente, cumprindo os preceitos da Constituição e respectivos regimentos, manifestando-se clara e inconfundivelmente, votando pela exigência precípua e prévia de “Ficha Limpa” para admitir a qualquer cidadão candidatar-se a cargos públicos, tão importantes quanto relevantes, a todos os cidadãos e aos inveterados políticos, sem exceção alguma, de qualquer forma, posição cor, jaez, partido, jeitinho, ideologia ou feitio. Esta é a igualdade democrática!
A óbvia expulsão, a defenestração de seis ministros, de seis ministérios onde se comprovaram candidamente definidos “malfeitos”, ou mais claramente desonestidades, sem aparentemente maior punição para os alegres corruptos e corruptores, etc. etc. etc., brada aos mais altos níveis de repulsa à nossa consciência cidadã.
Os maus tratos à natureza, tão claramente visíveis nos desmatamentos, no envenenamento químico dos rios e cursos de água, na fumaça envenenada das fábricas e fornos sem filtragem, nos lixões a céu aberto, sem previsão e cuidados ambientais, produzem esse choro químico, ácido e mortal da natureza. Ela chora, pelo tratamento que recebe, expressa-se triste e de certa forma negativa, mas natural, mostrando-se até vingativa, cruel e injusta, reagindo sua naturalidade com as intempéries e desastres ambientais, que têm afetado principalmente tão terrivelmente os já fartamente injustiçados por tantos e tantos motivos. Chora, chora, chora natureza, pelos maus tratos sofridos que te inflige a humanidade ainda desumana em sua marcha evolutiva, visível e objetivamente ainda inculta em seus pretensos propósitos essenciais civilizadores, a pretender fazer do ser humano “o animal superior”. Chora, chora, chora natureza e, faz-nos chorar, para fazer-nos renascer a esperança e a consciência da dimensão factível perante nós, no milagre e ciclo renovador da limpeza atmosférica, na pureza do todo material, espiritual, sociológico, quiçá ainda possível. Chora, chora, chora para enternecer nossos corações empedernidos e levá-los à conscientização dos valores essenciais de superação e responsabilidade humana. Chora, chora, chora natureza, como exemplo a seguir, de perene continuidade vital, superação, reciclagem e transcendência, para que nos arrependamos no teu choro ainda visível, para trazer-nos à lucidez e à conscientização, também para demonstrar-nos que apesar das graves mazelas sofridas, expressa-nos cristalina dadivosa bondade, umedecendo a terra árida e sáfara, sequiosa afinal de teus milenares testemunhos, despertando nossa alma para o essencial e a perenidade, que tuas e nossas lágrimas benditas, juntas, representem afinal a ação material, cultural, espiritual e sociológica a trilhar obediente e inteligentemente, a correta caminhada, que à terra e à humanidade fertilizem teus choros com abundância, transparência e a cubram de verde perene, exemplar pujança e gratificantes, esperançosas mensagens inspiradoras quanto promissoras.
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